Joana Pereira Bastos, in Expresso
O preço de um cabaz básico de 63 produtos alimentares, calculado pela DECO/Proteste, registou esta semana uma descida de 3,7%, a maior do último ano. Custa agora €226,15, menos €8,70 do que na semana passada.De acordo com a DECO, a descida foi conseguida, sobretudo, graças à queda do preço de hortícolas como a couve (-19%) e a alface (-17%), e de peixes como o salmão e a pescada. Por quilo, o preço do salmão caiu €2,90 nos últimos sete dias (-17%) e a pescada custa agora menos €1,30 (-14,5%).
“Chegámos finalmente a uma semana onde há uma redução do preço do cabaz. Embora tímida, consideramos que é positiva, mas não sabemos qual é a origem da descida. Por essa razão, não conseguimos prever se se vai manter na próxima semana", afirma Ana Guerreiro, porta-voz da DECO/Proteste, que monitoriza diariamente a evolução do custo de 63 produtos alimentares desde janeiro do ano passado.
SUPERMERCADOS PRESSIONADOS A BAIXAR PREÇOS
A queda do preço do cabaz acontece numa altura em que as principais cadeias de supermercados em Portugal se encontram sob alta pressão. A ASAE tem vindo a apertar a fiscalização para detetar casos de especulação, tendo já sido levantadas dezenas de processos-crime. E há duas semanas o primeiro-ministro chamou a São Bento o diretor-geral da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED) para pedir explicações sobre os aumentos de preços de vários produtos, sobretudo daqueles em que foram apuradas margens de lucro brutas acima dos 40%.
O Governo tem vindo a estudar medidas, como a fixação de margens de lucro, para conter a inflação dos produtos alimentares, que chegou em janeiro aos 21,1%, o valor mais elevado da Europa ocidental e que representa mais do dobro da taxa de inflação geral registada no país. E o Expresso sabe que o Executivo tem mesmo intenção de intervir, caso os preços não comecem a baixar, como, aparentemente, pode já estar a acontecer.
Segundo os dados da DECO, o custo do cabaz caiu pela primeira vez no último mês, depois de três semanas consecutivas a aumentar, em que foram sempre atingidos novos recordes de preços.
Ainda assim, o preço do cabaz mantém-se 23% acima do registado antes do início da guerra. Cebola, couve coração, cenoura e arroz carolino foram os produtos que mais aumentaram desde então, todos com subidas acima de 70%.
Por categoria, os lacticínios (+29%), a carne (+26%) e a fruta e legumes (+25%) foram as que mais encareceram, se compararmos o valor desta semana com o registado na semana anterior ao início da guerra na Ucrânia.