Em 2011, um diploma superior “pagava” mais 51% do que o ensino secundário. Em 2022, essa diferença caiu para 27%. Salário nominal dos licenciados não evoluiu, originando quebra de 13% do salário real.
Em 2011, a licenciatura dava um salário médio de 1570 euros em Portugal. Em 2022, o mesmo grau de formação pagava menos 211 euros: o salário médio passou para 1359 euros. É uma degradação salarial que, só por si, é desencorajadora para qualquer um, mas sobretudo para os jovens (que tiveram a maior quebra salarial na década passada: 17%). No país da União Europeia com a maior percentagem de adultos sem formação secundária, os salários nominais de quem tem uma licenciatura em 2022 estavam praticamente ao mesmo nível de 2011, o que se traduziu numa quebra de 13% nos salários reais.
A inflação elevada do último ano acelerou o problema, porque a desvalorização salarial foi superior nos rendimentos mais elevados e, como tal, o ganho salarial associado à formação superior caiu para mínimos históricos: a diferença entre um “canudo” do superior e o secundário completo caiu para quase metade, de 51% em 2011 para 27%.
Os dois anos mais críticos da pandemia (2022-2021) foram uma excepção nesta trajectória, marcando uma inversão que se revelou apenas transitória, alicerçada no facto de as profissões que exigem mais qualificações terem sido mais protegidas durante aquele período de súbita travagem económica.
Resumindo, o salário líquido dos portugueses aumentou 28% desde 2011, mas com a inflação esse aumento é de 10% em termos reais nesse período. Mas este padrão “esconde diferenças muito substanciais entre grupos da população com diferentes níveis de qualificação” e diferentes faixas etárias.
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