Ilídia Pinto, in DN
Estudo mostra que 42% não estão satisfeitos no trabalho atual e que 49% querem ganhar mais. A flexibilidade é valorizada.
Os portugueses são, na Europa, os mais predispostos a mudar de emprego. Um estudo da consultora Michael Page mostra que, em média, 88% dos trabalhadores europeus estão abertos a novas oportunidades, sendo que, em Portugal, esse número atinge os 97%, cinco pontos percentuais acima dos espanhóis, italianos, polacos e austríacos. Mais, 59% dos portugueses estão ativamente à procura de um novo trabalho, ou planeiam fazê-lo nos próximos seis meses.
Para o diretor-geral da Michael Page Portugal, "esta abertura para mudar de emprego decorre, entre outros fatores, da experiência da pandemia, que fez com que muitas pessoas reavaliassem as suas atitudes em relação à carreira e ao sucesso profissional". Álvaro Fernandez sublinha que a prioridade com a vida privada e a necessidade de flexibilidade aumentaram, o que "resultou em perda de lealdade para com os empregadores".
E, embora o estudo não especifique os setores a nível nacional, indica que, a nível europeu, o imobiliário e a construção são a área profissional como maior percentagem de pessoas propensas a procurar um novo emprego quando as perspetivas económicas se agravam (86%). A área dos recursos humanos é a única em que menos de metade dos trabalhadores está disponível para mudar.
O estudo, o Talent Trends 2023, contou com mais de 69 mil participantes em 167 países, dos quais 28 mil europeus. Em Portugal, foram inquiridas 1717 pessoas. Destas, 42% estão insatisfeitas no trabalho atual e 49% estão insatisfeitas com o salário que auferem.
O dinheiro, conclui a Michael Page, é mesmo o principal fator de motivação na mudança de emprego. Dois terços dos empregadores indicam que a informação sobre o nível salarial tem maior impacto no número de respostas a um anúncio de emprego.
Em Portugal, 67% das pessoas estão mais propensas a procurar um novo emprego quando a economia regista um fraco desempenho, sendo dos países da Europa, a par com Itália, onde esta percentagem é mais elevada. Questionados sobre os aspetos que mais contribuem para a sua satisfação no trabalho, 51% dos portugueses indicam o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e 49% apontam o salário.
A questão do equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho é importante para pessoas de todos os estratos sociais: 60% dos portugueses com filhos consideram que este é o fator que mais influencia a satisfação no trabalho e 57% das pessoas sem filhos dizem o mesmo. "A flexibilidade já não é um benefício que um empregador pode conceder de forma discricionária. Pelo contrário, tornou-se uma base para a higiene ocupacional e é uma expectativa primária do empregador", sublinha o responsável.
ilidia.pinto@dinheirovivo.pt