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A pobreza atinge entre «25 a 30%» da população do distrito do Porto, de acordo com o levantamento efectuado pelo Bloco de Esquerda (BE) «desde há um ano», nomeadamente, junto de «dezenas de instituições de solidariedade social».
O BE marcou para esta a noite desta sexta-feira um comício na Junta de Freguesia do Bonfim, no Porto, com a presença de Francisco Louçã, onde irá apresentar não só algumas conclusões desse seu estudo mas também medidas de combate à pobreza no distrito.
O resultado final do estudo será o lançamento de um Livro Negro da Pobreza no Porto, que os bloquistas pensam poder apresentar «ainda este mês ou no princípio do próximo mês», segundo disse à Agência Lusa o sociólogo e dirigente daquele partido João Teixeira Lopes.
Dados recolhidos pelo BE levam Teixeira Lopes a caracterizar a situação que se vive no distrito do Porto como «verdadeiramente assustadora e alarmante». De uma população de cerca de dois milhões de pessoas, entre meio milhão a 600 mil são pobres.
A taxa de «pobreza relativa» é de 18 por cento a nível nacional, mas no Porto sobe para os «25 a 30 por cento», aponta o BE.
Uma pessoa vive em «pobreza relativa» quando ganha menos de 60 por cento do rendimento médio nacional, o que em Portugal corresponde a 366 euros ou menos por mês.
A causa deste problema são «as políticas económicas e sociais dos últimos três anos». «É o que nos dizem as instituições visitadas», afirma Teixeira Lopes.
O dirigente conta que o Banco Alimentar contra a Fome, «que funciona como instituição pivô no distrito do Porto porque fornece alimentos a quase todas as instituições, não consegue dar resposta» às muitas solicitações que lhe são dirigidas.
«Mais de uma centena dessas instituições encontra-se na lista de espera» daquela conhecida organização, exemplifica Teixeira Lopes.
Outro dado revelador, acrescenta, é que «no distrito se concentram 45 por cento dos beneficiários do rendimento social de inserção, o que mostra bem a incidência da pobreza na região». São cerca de 56 mil famílias que, no Porto, beneficiam dessa ajuda estatal.
O BE declara-se convicto de que esse número só não é porque «na Segurança Social há uma espécie de barreira à entrada de mais beneficiários, por não haver dinheiro».
«Estou absolutamente convencido disto», realça Teixeira Lopes, reforçando que «a Segurança Social tem um numerus clausus». O dirigente bloquista baseia-se nas «instituiçõs, que dizem que a Segurança Social não abre mais vagas».
As principais vítimas da pobreza são os idosos, as famílias monoparentais, em que mães sozinhas tomam conta dos filhos, e os desempregados de longa duração.
Diário Digital / Lusa