Alfredo Mendes, in Diário Notícias
Na sequência do agravamento da pobreza, o distrito do Porto é, a nível nacional, aquele que apresenta a taxa mais elevada de incidência de tuberculose e HIV. Uma situação que resulta de um quadro de "urgência social" com indicadores "anómalos de grande gravidade".
Este, em síntese, o diagnóstico do Bloco de Esquerda (BE) com base em dados estatísticos, estudo no terreno e auscultação de dezenas de instituições de solidariedade social, organizações privadas e públicas e outras ligadas à religião católica que se dedicam a combater a pobreza.
Teixeira Lopes (BE), sociólogo, revelou que, no final deste mês, será apresentado um livro sobre as conclusões desse levantamento que aponta, como prioridade, a criação de um Plano de Inclusão Social contemplando compromissos bem definidos. De acordo com aquele ex-deputado, enquanto a taxa de pobreza relativa no todo nacional oscila entre os 18 e os 19%, a do distrito do Porto vai de 25 a 30%. Ou seja, acentua Teixeira Lopes, "três em cada dez pessoas recebem menos de 400 euros por mês".
O Banco Alimentar, exemplifica, "tem mais de uma centena de instituições em lista de espera, ansiosas da distribuição de bens". Há, acrescentou o sociólogo, um crescer da pobreza envergonhada, devido à deslocalização de empresas, ausência de subsídio de desemprego, porquanto essas pessoas se encontravam em situação precária e a falta de cumprimento de empréstimos bancários, nomeadamente no que respeita à habitação.
No distrito, revelou Teixeira Lopes, vivem mais de 40% de beneficiados do Rendimento Social de Reinserção. "Uma calamidade social", a que se junta "a emigração sazonal, mal paga e sem condições a partir da sub-região do Baixo Tâmega, das mais pobres a nível da União Europeia. A Espanha é o destino preferencial".
As instituições de solidariedade social, lamenta Teixeira Lopes, "não dispõem de recursos para dar resposta aos idosos, aos berçários e aos apoios domiciliários".|