in Jornal de Notícias
Quase metade dos portugueses radicados no Luxemburgo já se sentiram discriminados, mas, apesar disso, a maioria voltava a escolher aquele país para emigrar. As conclusões são de um estudo, realizado pelo Centro de Estudos das Populações, da Pobreza e das Políticas Sócio-Económicas (CEPS), uma instituição tutelada pelo Ministério da Cultura e do Ensino Superior luxemburguês, que teve como objectivo verificar se as comunidades estrangeiras no Luxemburgo são ou não discriminadas.
Naquele país foram colocadas questões a 1.400 estrangeiros entre os 18 e os 60 anos provenientes de Portugal - a maior comunidade no Luxemburgo -, Cabo Verde, Jugoslávia e Bélgica.
A CEPS concluiu que 46% dos portugueses residentes naquele país já se sentiram, pelo menos uma vez, alvo de discriminação por serem estrangeiros.
A maior parte das queixas da comunidade portuguesa prende-se com o tratamento que lhe é dado pelas forças de segurança, com 16% dos portugueses a dizerem que já foram mal recebidos ou tratados de maneira incorrecta pela polícia.
Todas as outras comunidades (cabo-verdiana, jugoslava e belga) apresentam menos queixas (12%) relativas às forças de segurança. Seguem-se os insultos ou perseguições pelos vizinhos (13%) e na rua ou nos transportes públicos (11%).
Doze por cento dos portugueses dizem ainda que são maltratados nas caixas de saúde, sendo a comunidade que lidera as queixas relativas a este serviço.
Relativamente aos conhecimentos linguísticos, os portugueses são os que mais dominam as três línguas oficiais do Luxemburgo (luxemburguês, francês e alemão), com 29%, mas o estudo realça que a maioria desses portugueses estudou naquele país.
Quanto à intenção de regressar a Portugal, 37% dizem que pretendem voltar ao país de origem, 25% não querem regressar e 38% estão indecisos.