7.2.08

Sinais de pobreza levam colectividades a intervir

Francisco Cardona, in Diário XXI

Associações de Castelo Branco e Alcains recolhem bens para famílias carenciadas


Em Alcains, a primeira recolha de bens terá lugar no próximo domingo, dia 10 de Fevereiro, no campo Trigueiros de Aragão, antes da partida de futebol entre o clube da vila e o Águias de Moradal

O Clube Desportivo de Alcains acaba de criar uma secção com fins sociais de apoio a famílias carenciadas daquela vila do concelho de Castelo Branco, disse ao Diário XXI Bruno Pereira, presidente da direcção do clube. A criação da nova secção social “visa dar suporte jurídico” a acções desenvolvidas em Alcains por cerca de uma dezena de pessoas que recolhem alimentos, roupas e mobílias que posteriormente são distribuídas por quase duas dezenas de famílias.

“Além de lhes garantirmos suporte jurídico, disponibilizamos instalações para armazenagem dos produtos até à sua distribuição”, explicou aquele responsável. A primeira recolha de bens terá lugar no próximo domingo, dia 10 de Fevereiro, no campo Trigueiros de Aragão, antes da partida de futebol entre o Alcains e Águias de Moradal a contar para o Campeonato Distrital da 1ª Divisão da Associação de Futebol de Castelo Branco. “Apelamos a que as pessoas compareçam no campo e levem consigo um género alimentar não perecível (arroz, massa, bolachas) ou peças de roupa que já não utilizem”, acrescentou Bruno Pereira. “Os bens serão recolhidos e armazenados para serem distribuídos mais tarde”, acrescentou aquele responsável.

LEVANTAMENTO SOBRE PROBREZA

“A iniciativa pretende dar a conhecer a secção social do Clube Desportivo de Alcains e contribuir para a diminuição da pobreza em Alcains”, referiu. Segundo Bruno Pereira, os bens recolhidos domingo serão entregues após a realização de um levantamento “exaustivo” das famílias carenciadas residentes na vila. A partir da próxima semana “será feito uma inventariação aprofundada das famílias mais pobres e em seguida iremos estabelecer prioridades para a distribuição dos bens”, concluiu Bruno Pereira.

Casos relatados em Castelo Branco


“Pobreza encoberta” dificulta acções
A iniciativa de solidariedade social do Clube de Alcains surge depois de outras associações em Castelo Branco terem assumido tarefas semelhantes, face a sinais de pobreza que têm surgido.

A Associação do Bairro do Cansado, em Castelo Branco, estabeleceu há dois anos um protocolo de colaboração com o Banco Alimentar Contra a Fome. “Todos os meses a associação distribui géneros alimentícios a dez famílias carenciadas”, revela André Carvalho, dirigente da associação. “A situação no bairro agravou-se com o encerramento de uma fábrica de confecções”, sendo que há também apoios localizados naquela zona da cidade “prestados pela Segurança Social e Santa Casa da Misericórdia”.

Por sua vez, César Amaro, presidente da Associação do Bairro da Boa Esperança, diz não ter conhecimento “de pessoas que estejam a viver no limite da pobreza, mas há gente que vive com bastantes dificuldades, pela falta de trabalho”. “Temos acompanhado discretamente esta situação, para evitar alguns melindres, já que se tratam de pessoas com dificuldades em dar a conhecer a sua situação”, relata o dirigente. A “pobreza encoberta” também dificulta a acção da Associação do Bairro da Carapalha. “Não intervimos mais porque as pessoas não dão a conhecer a sua situação”, queixa-se António Nascimento.