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O acentuado aumento do desemprego no interior do distrito do Porto tem-se traduzido numa «situação de carência e risco de pobreza em segmentos consideráveis da população», conclui um estudo mandado realizar pela Comunidade Urbana do Vale do Sousa
Segundo as conclusões daquele trabalho, prevalecem em concelhos industriais como Felgueiras, Paços de Ferreira e Paredes inúmeras «situações de desemprego camuflado», que se reflectem em números anormalmente altos de pessoas a beneficiarem do subsídio de doença.
O estudo abrange a denominada região do Tâmega, que compreende 12 municípios, a maioria do Porto (Lousada, Paços de Ferreira, Paredes, Penafiel e Felgueiras), mas incluindo dois de Viseu (Cinfães e Resende), um de Braga (Celorico de Basto) e um de Aveiro (Castelo de Paiva), que perfazem mais de meio milhão de habitantes.
Também associado ao desemprego está o crescimento do número de beneficiários do Rendimento de Inserção Social por mil habitantes (32,2), o que é bastante superior à média nacional (19,1).
«Estes indicadores traduzem a profunda crise que afecta a base económica da região», evidencia-se nas conclusões do estudo, que sugere a adopção de «medidas urgentes para inverter a tendência».
O estudo acrescenta: «um segmento considerável da população encontra-se numa situação de carência e risco de pobreza».
Note-se que o tecido económico da região é dominado pelas indústrias transformadoras - cerca de 10 mil empresas -, com destaque para o mobiliário, o calçado e os têxteis. Os concelhos mais industrializados, através sobretudo das pequenas e médias empresas, são Paços de Ferreira, Paredes e Felgueiras, empregando quase três quartos da população activa.
Após a análise a diferentes indicadores estatísticos, o estudo confirmou, por outro lado, os elevados indicadores de abandono escolar, mais acentuados nos concelhos industrializados, nos quais continua a prevalecer uma mão-de-obra pouco qualificada, um número de licenciados três vezes inferior à média nacional e um poder de compra muito inferior ao resto do país (apenas 62 por cento da média nacional).
Em Resende, concelho neste estudo com o mais baixo poder de compra, cada habitante ganhava apenas, em 2003, pouco mais de 500 euros, enquanto que a média nacional é superior a 800 euros. Amarante e Penafiel, onde prevalecem os serviços, eram os concelhos, ao nível dos trabalhadores por conta e outrem, com ganho médio mensal mais elevado, mas inferior à média da região Norte. Já o rendimento per capita por habitante é mais elevado nos concelhos industrializados, com Felgueiras à frente, seguidos de Paredes e Paços de Ferreira.
Mas este estudo não aponta apenas dados desfavoráveis, evidenciando como nota mais positiva o facto de o Tâmega ser uma das regiões mais jovens do país, com quase 19 por cento da população (a média nacional é de 15,5 por cento), havendo até concelhos como Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira onde esse indicador é ainda mais favorável. Frequentam as escolas da região mais de 100.000 alunos, mas é nos concelhos com maior dinamismo económico, como Felgueiras, onde a taxa de frequência escolar é mais baixa, situação que tem paralelo em concelhos ditos periféricos como Castelo de Paiva e Marco de Canaveses.
Ainda em termos demográficos, o Tâmega é um espaço regional com muitas assimetrias, havendo concelhos com densidades elevadas e um forte crescimento populacional, com destaque para Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras, e outros, situados nas zonas mais periféricas e rurais, com perdas acentuadas de habitantes nas últimas décadas, sobretudo os dois municípios do distrito de Viseu - Cinfães e Resende -, Celorico de Basto e Baião. Estes são, aliás, os únicos concelhos que têm perdido habitantes desde 2001, um indicador em que Resende é o mais penalizado, com uma redução de quase 14 por cento nos últimos 15 anos, seguido de Cinfães com quase 11,5 por cento. No plano inverso, Paços de Ferreira é o campeão do crescimento, com 26 por cento, seguido de Lousada (23 por cento) e Felgueiras (20 por cento). Genericamente, a região cresceu 10,1 por cento desde 2001, o que é superior aos indicadores nacionais (7,42 por cento) e da região Norte (7,4 por cento).
Lusa / SOL