Leonor Watson, in Jornal de Notícias
A crise afecta já 100 milhões de pessoas em todo o Mundo
A Organização das Nações Unidas (ONU) criou uma equipa para responder aos problemas alimentares mundiais provocados pela subida dos preços, anunciou ontem em Berna, na Suíça, o secretário-geral da ONU. Ban Ki-moon e os dirigentes de 27 agências e organismos da ONU estão reunidos, desde anteontem, para delinear um plano para solucionar esta crise.
A célula de crise será composta por responsáveis das agências da ONU e do Banco Mundial - sob a autoridade directa de Ban Ki-moon - e recorrerá a medidas de urgência e de longo prazo para fazer face à crise causada pelo vertiginoso aumento do preço de alimentos essenciais como, por exemplo, o trigo.
Tudo isto foi explicado, ontem, pelo secretário-geral da ONU em conferência de imprensa conjunta com a directora executiva do programa Alimentar Mundial (PAM), Josette Sheeran; com o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick; com o director da Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO), Jacques Diouf; com o presidente do Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (FIDA), Lennart Bage; e com o director-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy.
Já o director do Banco Mundial, Robert Zoellick, avisou que "as próximas semanas serão críticas", afirmando que a instituição que lidera planeia criar um fundo para financiar os países mais pobres e ajudá-los nas respectivas agriculturas.
Não restringir exportações
Aquele dirigente pediu, ainda, que "não sejam utilizadas as interdições de exportação", explicando que "essas medidas fazem disparar os preços mundiais" de mercadorias alimentares. E neste sentido, congratulou a decisão da Ucrânia de levantar as restrições à exportação de trigo.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon apelidou de "desafio sem precedentes" o aumento de preço dos alimentos no mercado mundial e avançou que "se não forem cumpridos plenamente os fundos que solicitámos aos doadores, aumentará ainda mais a fome, a subnutrição e os distúrbios sociais numa escala sem precedentes".
Na reunião com os dirigentes de 27 agências e organismos da ONU foram referidas, entre as causas da crise, a falta de investimentos no sector agrícola, os subsídios que pervertem o comércio, as más condições climatéricas, a degradação do meio ambiente e os subsídios aos biocombustíveis (ver texto sobre os biocombustíveis).