Feliciano Barreiras Duarte, Professor Universitário, in Jornal de Notícias
Lisboa cidade e Lisboa enquanto área metropolitana são o espaço territorial e administrativo de Portugal onde vivem (em muitíssimos casos em condições muito difíceis) o maior número de cidadãos estrangeiros legais e (infelizmente) ilegais. É em Lisboa (a par do Algarve região e de Setúbal distrito) que sobretudo desde o pós 25 de Abril de 1974 que o fenómeno da imigração mais se fez sentir em Portugal, em particular, com o fluxo migratório oriundo das ex-colónias portuguesas de África.
Portugal hoje tem cerca de quase meio milhão de imigrantes que representam cerca de 10% da nossa população activa e cerca de 5% da nossa população residente. Que são oriundos de mais de 150 países dos quatro cantos do mundo e que falam cerca de 230 línguas maternas e dialectos diferentes.
E é em Lisboa cidade e área metropolitana que a grande maioria destes imigrantes vivem, sofrem, trabalham, e dão o seu contributo à cidade e ao país. Estudos diversos atestam-nos que Portugal tem ganho muito com eles. Não só economicamente mas também culturalmente. No que diz respeito às políticas públicas para esta área faz todo o sentido, que a autarquia de Lisboa, assuma a imigração no pilar da integração como uma prioridade.
Lisboa como cidade cosmopolita que é deve ter uma política publica ambiciosa, criativa e integrada para esta área à semelhança do que acontece com muitas cidades europeias e no mundo.
É que a imigração não deve ser entendida como um problema, mas sim como uma oportunidade. Sustentada numa articulação de vectores interligados. A saber, por exemplo na inclusão escolar, na educação não formal e na participação cívica e comunitária, sobretudo dos mais jovens. Lisboa pode e deve aprofundar á semelhança do que sucede com concelhos como Oeiras, Amadora e Sintra, as suas políticas para esta área. Deve procurar assumir essa política com base numa nova geração de direitos - língua, habitação, trabalho e direitos cívicos e políticos.
Lisboa cosmopolita, moderna, virada para o futuro, pode e deve criar instrumentos emblemáticos e simbólicos nesta área. Um monumento ao imigrante, um museu das migrações (emigração e imigração), entre muitas outras coisas, fazem todo o sentido em Lisboa. Porque Lisboa até para se regenerar demograficamente deve entender a imigração como uma oportunidade.