Leonor Paiva Watson, in Jornal de Notícias
O presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza em Portugal (REAPP) fez ontem um apelo à intervenção do Governo português para colocar um fim ao aumento dos preços dos bens alimentares que "atinge principalmente os mais pobres". "Tenho famílias no centro da cidade do Porto que dispõem de 13 euros por dia. Famílias com filhos e netos", frisou o padre Jardim Moreira à agência Lusa.
Estes "são dados concretos" que, de acordo com o presidente da REAPN, "obrigam o Governo a rever as suas actuais políticas". Para o padre Jardim Moreira "é a economia e a política que têm de estar ao serviço da sociedade civil e não o contrário. É preciso tomar consciência da realidade e avançar com as devidas soluções", considerou.
Aquele responsável revelou que "há cada vez mais famílias a queixarem-se do aumento dos bens essenciais, como o pão" e que, "a situação tem tendência para piorar". O padre Jardim Moreira prevê que a escalada dos preços pode originar "tensões sociais" porque "a estabilidade social e política depende da estabilidade dos povos".
O disparo dos preços dos bens alimentares ainda não se fez sentir no nosso Banco Alimentar, de qualquer modo Isabel Jonet alerta para o imenso problema social que se aproxima. "As famílias já têm um orçamento muito pequeno. este aumento é atirá-las para uma situação miserável. A comida é um bem básico".
O banco Alimentar sobrevive dos donativos da agricultura e da indústria agro-pecuária, bem como das campanhas que faz junto dos consumidores. "Se houver menos excedentes, nós também distribuiremos menos", avisou.