27.4.08

Os preços devem baixar este ano

in Jornal Público

Caso do arroz "não passa de uma bolha"


As últimas previsões da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) indicam que os preços poderão baixar nos próximos meses. Em 2008, as colheitas de cereais deverão subir 2,6 por cento, para um valor recorde de 2164 milhões de toneladas, com o trigo a liderar. "Os agricultores reagiram e aumentaram as plantações; esperemos que o tempo não estrague tudo até ao Verão", diz Abdolrezza Abbassian, da FAO.

A chegada ao mercado das novas colheitas pode ter um efeito positivo, talvez com excepção do milho, que continua muito pressionado, nos EUA, pelo etanol e também porque os agricultores americanos trocaram este cereal pelo trigo e pela soja, quando estes últimos começaram a subir. "Mas os preços não voltarão ao que eram, esse cenário está afastado", salienta Abbassian. Porque todo o enquadramento mundial mudou entretanto.

Quem se arrisca a ficar com uma batata quente na mão são os comerciantes de arroz. Segundo este especialista, o caso do arroz não passa de "uma bolha" e não se compara ao dos outros cereais. A sua produção é concentrada e a maior parte vai para os mercados domésticos, apenas seis a oito por cento é exportado. "Não houve um problema de produção, a não ser em casos pontuais", diz.

Então o que aconteceu? "O arroz é o último dos cereais a ser colhido e, perante a inflação nas outras culturas, os comerciantes começaram a comprar em grandes quantidades e os países produtores restringiram as exportações, com excepção da Tailândia, fazendo subir os preços", considera Abbassian, sublinhando que a FAO não tem certezas absolutas que tenha sido isto que aconteceu. "O caso do arroz apanhou-nos de surpresa."

Se realmente foi assim que se passou, "quando os outros cereais começarem a baixar, o arroz vai cair brutalmente e muita gente que se pôs a comprar e acumular vai ter grandes perdas económicas", vaticina.

Perante o que se tem passado no mercado dos cereais, este economista adverte: "A volatilidade dos preços é o nome do jogo, e isso vai continuar." A.F.