in Jornal de Notícias
Algumas dezenas de pessoas concentraram-se ontem frente à Segurança Social da Alameda, em Lisboa, e depois no Ministério do Trabalho, para exigir o fim da privatização de equipamentos sociais e a recolocação dos funcionários entretanto afastados ou colocados em mobilidade especial.
Luís Esteves, representante da Federação dos Sindicatos da Função Pública, organizadora do protesto, disse à Lusa ter exemplos confirmados da entrega de equipamentos de acção social do Instituto da Segurança Social (ISS) à gestão de privados. É o caso do Centro Infantil Olivais Sul, entregue à Fundação Aga Khan, e do Centro Infantil de A-da-Beja, que passará a ser gerido pela Câmara da Amadora, precisou.
De acordo com Luís Esteves, "há suspeitas" de que mais equipamentos sociais, um pouco por todo o país, venham a passar para mãos de privados, informação que diz não conseguirem confirmar nem junto do Instituto da Segurança Social nem do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social porque, diz, não reúnem com os sindicatos.
A entrega dos equipamentos tem motivado reclamações por parte dos funcionários. "Para os trabalhadores tem [como consequência] a possibilidade forte de irem para a mobilidade especial", acabando os destacamentos, disse o responsável.
Fátima Saraiva, 58 anos, é um dos rostos do descontentamento. Com 40 anos de serviço, 30 dos quais como auxiliar no Centro Infantil Olivais Sul, foi retirada do local de trabalho que conhecia há décadas, diz, à sua revelia. "Durante este processo, senti-me usada e abusada e não percebo muito bem porque é que, no acordo que foi feito com a Fundação Aga Khan, os funcionários não puderam ficar", criticou.