3.11.10

Corrupção e crise financeira ligadas

Por Mariana Oliveira, in Jornal Público

O índice que a Transparência Internacional (TI) divulgou há cerca de uma semana sobre a percepção da corrupção confirma, para a organização, a "necessidade de medidas mais enérgicas para fortalecer a governação em todo o mundo" e de "uma atitude de tolerância zero" face a um fenómeno global, mas que afecta especialmente os mais pobres e vulneráveis.

O índice de 2010 mostra que quase 75 por cento dos 178 países da lista tiveram uma pontuação inferior a cinco, numa escala de zero (percepção de altos níveis de corrupção) a 10 (percepção de baixos níveis de corrupção). Entre os 30 países da Europa Ocidental, Portugal continua com uma das piores posições (19.º lugar em 30). Detém uma posição de moderadamente corrupto, depois de uma década em perda.

A organização da sociedade civil que lidera a luta mundial contra a corrupção associa os resultados deste ano à crise financeira internacional. Por um lado, critica os governos por canalizarem "grandes quantidades de fundos para combater os problemas mundiais mais acutilantes, como a instabilidade dos mercados financeiros, as alterações climáticas e a pobreza", mas deixarem que a corrupção "continue a ser um obstáculo aos avanços" nestas mesmas áreas. Por outro lado, constata a TI, os países que pioraram a sua posição face ao ano passado estão entre os mais afectados "por uma crise financeira precipitada por défices de transparência e de integridade". E deixa uma nota: os países-membros da OCDE estão ausentes da lista dos que melhoraram as suas práticas.