3.11.10

Desemprego recomeça a subir e já dói mais entre os jovens

por Luís Reis Ribeiro, in iInformção
Desemprego jovem sobe para quase 20%. E ainda falta o impacto da recessão esperada para 2011


Segundo os economistas do FMI, a austeridade e a ineficiência das empresas vão empurrar o desemprego para os 11% da população activa e Portugal vai ter a segunda maior subida mundial no desemprego até 2013. E a previsão foi anterior à apresentação do OE. nelson d?aires/kameraphoto 1/1 + fotogalería .A taxa de desemprego em Portugal está a subir e volta a penalizar sobretudo os trabalhadores mais jovens. O pior é que em 2011 haverá nova recessão económica, confirmaram já vários observadores, como assumiu ontem o presidente do BES, Ricardo Salgado.

De acordo com o Eurostat, o desemprego atingiu em Setembro 19,9% dos jovens com menos de 25 anos em condições para trabalhar, interrompendo assim de forma inequívoca a tendência de melhoria que se verificava desde o início do ano. Na taxa de desemprego total está a acontecer algo semelhante: desde Março que dava sinais de algum alívio, mas em Setembro voltou a subir até aos 10,6%. Segundo a maioria dos especialistas, o pior está para vir. Em 2011 a recessão é cada vez mais garantida: o governo ainda não a admite oficialmente, embora já conte com ela para as suas previsões de cobrança de impostos.

Enquanto isso, o Eurostat diz que o desemprego atingia em Setembro 84 mil jovens com menos de 25 anos (eram 81 mil em Julho, o melhor mês do ano) e que o desemprego nacional afecta já 581 mil pessoas, mais 3 mil que em Julho.

José Sócrates, o primeiro-ministro, diz--se convencido de que o país não entrará em recessão e de que o desemprego até não irá subir muito (a previsão do Orçamento do Estado para 2011 diz que a taxa será 10,6% em 2010 e 10,8% em 2011). Ontem, na apresentação da proposta do OE/2011, no parlamento, o chefe de governo referiu-se uma única vez ao problema do desemprego para dizer apenas que a satisfação dos mercados com as medidas de emagrecimento orçamental vem necessariamente antes do combate directo ao desemprego: "A conjuntura que atravessamos é difícil. Coloca dificuldades às empresas, confrontadas com as restrições de financiamento e as incertezas da recuperação. Coloca dificuldades às famílias, e em particular às atingidas pelo flagelo do desemprego. Mas fazer a consolidação orçamental é uma condição necessária para vencer as nossas dificuldades", disse.

O Conselho Económico e Social (CES) qualifica os prognósticos do governo - que apontam para uma estagnação de 0,2% - como "pouco plausível", avisando que a ocorrência de uma recessão no próximo ano é "muito provável". E lamenta que a previsão do executivo para a taxa de desemprego de 2011 seja pouco realista e que nesta conjuntura tão adversa o governo decida reduzir a despesa com o apoio aos desempregados. "Incompreensível", qualifica o CES no parecer sobre o OE.

Segundo a edição de ontem do "Jornal de Negócios", existem agora 250 742 desempregados sem subsídio de desemprego, mais 17% que há um ano, evolução que reflecte as medidas mais apertadas de acesso àquele apoio desde Julho.

Os economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) asseguram que a austeridade nas contas públicas e a ineficiência do tecido produtivo vão empurrar a taxa de desemprego portuguesa para os 11% da população activa, um recorde nacional que encerrará algo mais dramático: Portugal terá a segunda maior subida mundial na taxa de desemprego até 2013, ano em que termina o programa de consolidação orçamental. As contas do FMI ainda não incluem os novas medidas de corte no défice, logo o cenário deve ser ainda mais recessivo.

Tudo isto acontece numa altura em que o governo e o PSD, o maior partido da oposição, estão prestes (hoje) a viabilizar o Orçamento do Estado de 2011, programa que prevê reduzir de forma pronunciada o dinheiro disponível para apoiar os desempregados e a criação de empregos, e que os membros do CES acusam de não fazer propostas que evitem a recessão em 2011.