5.11.10

Nove em cada dez portugueses satisfeitos com emprego, mas maioria não gosta do padrão de vida

in Jornal de Notícias

Nove em cada dez portugueses diz estar satisfeito com o seu emprego, mas mais de metade da população não gosta do padrão de vida que tem, de acordo com um relatório das Nações Unidas hoje, quinta-feira, divulgado.

Os números aparecem no Relatório de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas, que este ano avaliou a situação de 169 países no que toca ao bem-estar das populações, colocando Portugal em 40.º lugar do ranking. Portugal desceu seis lugares em relação ao ano passado, mas mantém-se no grupo dos países de "desenvolvimento humano muito elevado".

Os portugueses consideram-se mais ou menos bem "com a vida em geral": numa escala de zero a dez posicionam-se em 5,7.

Numa análise por itens, percebe-se que o problema passa pelo "padrão de vida", já que 90 por cento dizem-se satisfeitos com o emprego e 80 por cento com a saúde pessoal. No entanto, apenas 47 por cento se considera satisfeito com o "padrão de vida" que tem.

Ainda no universo do trabalho, 18,5 por cento dos trabalhadores têm empregos vulneráveis, ou seja, estão "envolvidos em trabalho familiar não pago e trabalho por conta própria".

Os números de 2008, que são aqueles que integram o relatório, mostram que 55,7 por cento da população entre os 15 e os 61 anos estava empregada, sendo a situação mais problemática para as pessoas com mais qualificações académicas.

Nesse ano, oito por cento das pessoas com ensino primário ou inferior estavam desempregadas contra 15,6 por cento de pessoas com ensino secundário ou superior.

Comparando com a Noruega, que ocupa o primeiro lugar do ranking, os desempregados com menos estudos são cerca de seis por cento contra três por cento de desempregados com ensino secundário ou superior.

No item "trabalho infantil", Portugal e Barém são os únicos países com "desenvolvimento humano muito elevado" onde foram detectados casos. Assim, segundo o relatório, três por cento das crianças com idades entre os cinco e os 14 anos têm algum tipo de trabalho, enquanto no Barém (39.º lugar no ranking) a percentagem sobe para cinco por cento.

O relatório coloca no item trabalho infantil "a percentagem de crianças na faixa etária 5-14 envolvidas em trabalho: para a faixa etária 5-11 anos -- pelo menos 1 hora de trabalho económico ou 28 horas de trabalho doméstico por semana; para a faixa etária 12-14 - pelo menos 14 horas de trabalho económico ou 28 horas de trabalho doméstico por semana".

Segundo a tabela sobre bem-estar cívico e comunitário, sete em cada cem pessoas foram assaltadas em Portugal, mais do dobro do relatado pelos noruegueses (três por cento), país que surge em primeiro lugar no ranking mundial. Sobre a sensação de segurança, seis em cada dez portugueses diz sentir-se seguro.

Ainda no que toca aos elementos de felicidade, 92 por cento dos portugueses dizem ter objectivos de vida e 93 por cento considera-se tratado com respeito.