22.3.11

Governo admite recessão de 0,9% para este ano

in Jornal de Notícias

O Governo reviu a projecção de crescimento da economia em 2011 e aponta agora para uma queda de 0,9 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), depois de ter inscrito no Orçamento do Estado uma previsão de crescimento de 0,2 por cento.

Na actualização do Programa de Estabilidade e Crescimento de 2011, entregue na Assembleia da República, o Governo revê as suas previsões para o desempenho da economia, depois de vários meses a afirmar que não havia motivos para o fazer, e prevê uma recessão já este ano, tal como haviam previsto várias organizações internacionais e o Banco de Portugal.

"Tendo em vista reforçar a segurança e a confiança das instituições económicas internacionais nas metas orçamentais para o corrente ano de 2011, foi considerado um cenário macroeconómico que assenta em pressupostos que reflectem hipóteses adoptadas nas previsões de outras entidades", justifica o Governo.

De acordo com o documento, a economia deverá sofrer uma contração de 0,9 por cento em 2011, voltando a crescer logo em 2012, 0,3 por cento, e nos anos seguintes.

Assim, o Executivo espera que a economia cresça ainda 0,7 por cento em 2013, ultrapassando a fasquia de um por cento - 1,3 por cento -- apenas em 2012.

O Executivo reviu também a sua previsão para a inflação, passando dos 2,2 por cento previstos no Orçamento do Estado para 2011 para 2,7 por cento neste Programa de Estabilidade e Crescimento.

Para 2011, o Governo espera agora uma contracção do consumo público na ordem dos 6,8 por cento, contra os 8,8 por cento previstos no orçamento, e uma contracção do consumo privado superior à prevista anteriormente, passando de 0,5 para 1,1 por cento.

No que diz respeito ao investimento, o Governo está também mais pessimista, apontando agora para uma contracção de 4,2 por cento, quando anteriormente apontava para uma queda de 2,7 por cento.

O Governo espera também que as exportações de bens e serviços cresçam 5,6 por cento este ano, abrandando este ritmo de crescimento até 2014, quando se espera que atinjam os 4 por cento.

Quanto às importações de bens e serviços, as expectativas é que estas apresentem uma queda de 1,1 por cento este ano e de 0,4 por cento em 2012, voltando no entanto a crescer nos anos seguintes.

O documento hoje entregue prevê ainda uma redução das necessidades liquidas de financiamento da economia face ao exterior, dos 8,4 por cento que deverão ter atingido em 2010 (segundo as contas do Governo), para 8,3 por cento este ano, reduzindo gradualmente até aos 4,9 por cento em 2014.