6.6.23

Aldeia de Santa Isabel acolhe seminário dedicado aos jovens em risco de exclusão

in Santa Cassa da Misericórdia de Lisboa


Na sexta-feira, 2 de junho, foi possível ouvir diversos intervenientes, numa reflexão e partilha de diferentes práticas formativas, tendo por base uma pedagogia inclusiva, num seminário subordinado ao tema “Jovens com elevado risco de exclusão social – metodologias e diferenciação pedagógica”.


Logo na abertura, o administrador do departamento de ação social e saúde da Santa Casa, Sérgio Cintra, fez questão de salientar o trabalho desenvolvido pela Aldeia de Santa Isabel junto das crianças e dos jovens que acolhe e insere na vida ativa profissional, quando as suas famílias não o podem ou conseguem fazer.

“Desde 1983 que a Misericórdia de Lisboa gere este equipamento, numa ação contínua, que todos os dias necessita de ser cultivada e amadurecida. As atuais exigências do mercado de trabalho precisam de ser reequacionadas. Em todas as sociedades existe uma ausência muito vincada de competências que são garantidas, aqui, através da formação profissional. A taxa de sucesso e de colocação no mercado de trabalho dos jovens que aqui se encontram é excecional. Quase todos os que concluem os nossos cursos de formação são inseridos no mercado de trabalho”.

Sérgio Cintra instou ainda, na ocasião, todos os participantes no seminário a partilhar as suas preocupações como forma de contribuir para que a Santa Casa possa colmatar possíveis ausências nas respostas às dificuldades sentidas pelos jovens da Aldeia de Santa Isabel: “Se uma instituição como a Misericórdia de Lisboa, que comemora este ano o 525º aniversário, considerar que tudo sabe, vai fechar as portas a uma próxima geração. Temos de ter sempre esta inquietude e este dever de vos pedir apoio na identificação das preocupações para melhorarmos a nossa atuação”.

O diretor da Aldeia de Santa Isabel, António Duarte Amaro, por seu turno, descreveu o papel desempenhado pelo equipamento na vida dos jovens ali inseridos e do contexto em que chegam, destacando o modelo de escolarização: “Trabalhamos para retirar o estigma que a escola deixou em muitos jovens e fazemos da oficina a base deste projeto para que aprendam a fazer coisas concretas. Os jovens aderem mais à prática do que à teoria, mas é através dessa prática que compreendem que precisam da teoria. É o que chamamos de ‘modelo de convergência’”.

Na parte da manhã, o seminário contou com a partilha de Joaquim Azevedo, professor jubilado da Universidade Católica, responsável pela escola no Porto “Arco Maior”, um projeto criado há dez anos, que recebe adolescentes que abandonaram a escola e que tem como objetivo a sua reintegração em meio escolar. Neste painel, Joaquim Azevedo elencou aquilo que chamou de “traços principais de uma escola e de uma pedagogia para a inclusão”, como sendo a base para que “nenhuma escola pública exclua nenhum cidadão”.

Antes de ter início o primeiro painel, houve ainda oportunidade para ouvir António Saraiva, recém-nomeado presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, que levou a debate o tema “responsabilidade solidária das empresas na formação dos jovens desfavorecidos”.

O primeiro painel da manhã congregou um conjunto de partilhas “de práticas formativas e desafios para a mudança”, a cargo de representantes da Casa Pia de Lisboa (do Centro de Educação e Desenvolvimento Pina Manique), do Polo de Jovens do Centro de Educação, Formação e Certificação da Santa Casa, da Escola de Segunda Oportunidade de Sintra e do Centro Nacional de Qualificação de Formadores.

A tarde foi dedicada ao painel que se debruçou sobre “o modelo de convergência na Aldeia de Santa Isabel”, no qual se ouviram vários testemunhos de formadores do equipamento relativamente às atividades diárias realizadas com os alunos.

A provedora da Misericórdia de Lisboa, Ana Jorge, fechou o dia de trabalhos, começando por elogiar o trabalho da Aldeia de Santa Isabel nesta que é uma área a que tem particular dedicação: “os jovens e a intergeracionalidade, àquilo que é necessário fazer para apoiar a população mais vulnerável, com mais dificuldade na integração do sistema escolar e, depois, na sua vida futura. O trabalho que aqui se faz é muito significativo e muito esperançoso, e todos nós temos de partilhar experiências, discutir e analisar as várias perspetivas e dificuldades que sentimos no dia-a-dia com estes jovens”.

Ana Jorge agradeceu o trabalho e dedicação de todos nesta missão da Santa Casa na procura por melhores respostas para um futuro melhor destas crianças e jovens mais desprotegidos.

O dia foi marcado ainda por um momento artístico levado a cabo pelos utentes da Aldeia de Santa Isabel, com uma passagem de modelos intergeracional, que mostrou os trabalhos desenvolvidos nas várias oficinas do equipamento.