O facto de as mulheres ganharem menos do que os homens é um dos entraves à natalidade, diz estudo. A precariedade dos jovens também ajuda a explicar porque têm os portugueses cada vez menos filhos.
A presença maciça das mulheres no mercado de trabalho não resultou numa diminuição da fecundidade, mas a desigualdade salarial entre homens e mulheres sim. Estas investem mais tempo do que os homens na sua qualificação profissional. Contudo, continuam a ganhar menos e a estar menos representadas nos cargos de topo. E esta “desigualdade salarial resulta em menos recursos financeiros para que a mulher possa planear as suas decisões de parentalidade”, conclui a análise divulgada esta sexta-feira pelo Centro de Competências de Planeamento, de Políticas e de Prospectiva da Administração Pública (PlanAPP), que aponta assim a desigualdade salarial como uma das principais “barreiras e constrangimentos que, se mitigados, poderiam favorecer uma maior aproximação da fecundidade realizada à fecundidade desejada”.
Num país com uma alta taxa de divorcialidade e em que, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), o nascimento do primeiro filho acarreta um aumento de 20% na despesa mensal das famílias, será lícito concluir-se que cada vez mais mulheres resistem ao projecto de terem um ou mais filhos quando não tenham salários capazes de assegurar a subsistência do agregado num eventual cenário de monoparentalidade.
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