Lucília Tiago, in Jornal de Notícias
O investimento e as despesas de consumo das famílias foram os principais "motores" do crescimento da economia portuguesa em 2007. Dados ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística confirmam que o PIB cresceu 1,9% no ano passado e que os portugueses aumentaram os seus gastos na compra de carros e de comida e outros bens correntes.
Depois de, em 2006, o crescimento da economia ter sido impulsionado pelas exportações, no ano passado isso não se verificou. Pelo contrário. Em 2007, as vendas ao exterior desaceleraram, tendo sido a recuperação do consumo interno, concretamente das despesas de investimento de consumo das famílias, a influenciar a subida do Produto Interno Bruto. Este padrão de crescimento foi especialmente visível no último trimestre de 2007, altura em que a economia se expandiu 2,0%.
As Contas Nacionais Trimestrais e Anuais Preliminares do INE, ontem divulgadas, vieram confirmar os valores já adiantados em meados de Fevereiro, na "Estimativa rápida", e mostrar que apesar de 1,9% ser a maior expansão registada desde 2001, não foram suficientes para travar a divergência, pelo oitavo ano consecutivo, da economia portuguesa com a da Zona Euro. Ao mesmo tempo, indicadores mais recentes e já referentes ao corrente ano, dão conta de alguns sinais de degradação da actividade económica.
A análise dos dados de 2007 mostra que a procura interna contribuiu com 1,8 pontos percentuais para o crescimento do PIB (contra 0,3 pp em 2006), enquanto a procura externa reduziu o seu peso de 1,1 pontos percentuais, em 2006, para 0,1 pp, em 2007 - em resultado do aumento das importações e descida das exportações. No conjunto da procura interna, a aquisição de máquinas e equipamento e a construção foram as componentes que mais contribuíram para a expansão de 3,2% do investimento. Reagindo à informação do INE, o ministro da Economia mostrou-se confiante de que o investimento vai continuar a crescer em 2008. "O que é positivo é que tudo indica que o investimento vai continuar a crescer este ano, isto apesar da incerteza económica a nível internacional", referiu Manuela Pinho, lembrando que esta rubrica tinha caído 10%, entre 2002 e 2005. Já ao nível do consumo das família, registou-se uma aceleração de 1,5% (contra 1,1%, em 2006), tendo sido a aquisição de bens duradouros (nomeadamente carros) a componente que mais se destacou. Relativamente ao último trimestre do ano, em que o PIB acelerou 2,0% (acima das estimativas dos analistas), verifica-se que as despesas de consumo das famílias cresceram 1,8% em termos homólogos e 1,4% face ao trimestre anterior. Para esta subida contribuíram fortemente os gastos com carros e outros bens duradouros (que aumentaram 4,6%) e as despesas com bens alimentares e correntes (que cresceram 1,4% homólogos ).