in Jornal de Notícias
A presença portuguesa está a levantar uma onda de polémica que atingirá mesmo o patamar político. A Confederação Intersindical Galega já prometeu formas de luta duras a partir de Junho, nomeadamente o recurso à greve e a manifestações de rua. Os portugueses são acusados de concorrência desleal, de não ter salário fixo e trabalharem mais de dez horas por dia.
"Não é a primeira vez que denunciamos a situação dos portugueses que estão a trabalhar em Espanha, sobretudo na Galiza, mas as autoridades portuguesas e espanholas nada fizeram para alterar a situação", disse Xoan Melon, o responsável da Confederação pela imigração. Em órgãos de comunicação social da Galiza, apontou ainda o interesse dos dois governos em manter esta situação, pois se, por um lado, "Espanha tem mão-de-obra mais barata, Portugal vê aliviados os números do desemprego". Pires Lima, cônsul do honorário de Portugal em Orense, revelou que, "apesar de não ser competência do consulado, pois estamos perante trabalhadores que vão e vêm durante a semana e sem residência fixa em Espanha", tem acompanhado com atenção esta situação. No entanto mostrou-se reservado na análise "É preciso que se chegue ao bom senso, e isso passa pelo cumprimento da lei, pelo que é preciso saber, antes de mais, se as empresas portuguesas a estão a cumprir". Os portugueses parecem "estar a mais", mas, curiosamente, o jornal Faro de Vigo deu conta da dificuldade do sector da informática em conseguir cobrir o vazio de 400 postos de trabalho. É que, segundo a notícia, as três universidades galegas não estavam a satisfazer o "boom" (105 novas empresas o ano passado) e muitos dos licenciados têm optado por tentarem a sorte em outras regiões espanholas.