in Jornal Público
"A protecção social tem de ser adaptada e o trabalho atípico não pode ser desconsiderado", defende António Dornelas, professor do Departamento de Sociologia do ISCTE e investigador do CIES, antigo secretário de Estado e co-autor do Livro Verde e do Livro Branco sobre trabalho. Esta é a forma de proteger todo o emprego, a par de medidas que "tornem os despedimentos e as contratações desnecessárias", como "a adaptação do tempo de trabalho e a formação" às novas realidades. Quebrando os mitos sobre idades de ouro do trabalho para a vida, Dornelas diz que sempre houve multiplicidade. "É inevitável algumas formas flexíveis de emprego, mas preocupa-me quando um licenciado de 30 anos e já com filhos não tem vínculo". E critica os empresários pela facto de, "em Portugal, nem todas as flexibilidades da lei serem usadas" e pelo recurso fácil a formas de trabalho clandestino ou de trabalho precário. Rejeita também as teses da flexi-segurança, que vê como "uma palavra nova para desregulamentar, que não resolve problema nenhum". E cita Peter Auer para apontar o "paradoxo da produtividade", ou seja, "a produtividade é baixa nas durações mais curtas de contrato de trabalho e volta a sê-lo nas mais longas". O que "mata o argumento de que, quanto maior for a flexibilidade, maior é a produtividade". S.J.A.