João Paulo Madeira, in Jornal de Notícias
Estudo indica que 61% das famílias fazem um plano mensal para os seus gastos
Quase 85% dos portugueses estão a pagar empréstimos contraídos junto de instituições de crédito. A conclusão faz parte de um estudo, divulgado ontem, pela Associação de Instituições de Crédito Especializado (ASFAC) que indica que, em média, 25% do rendimento das famílias está afecto ao pagamento das prestações. A taxa de poupança apurada é de 14% do vencimento, um valor mais elevado do que o verificado pelo Banco de Portugal (BdP).
De acordo com o estudo, a maioria dos empréstimos diz respeito a crédito à habitação (53,7%), seguindo-se o pessoal (35,8%) e o automóvel (22,5%). O estudo aponta para que 48% do salário seja gasto em despesas fixas, o que, para a secretária-geral da ASFAC, Susana Albuquerque, "está dentro de valores comportáveis". De resto, sublinhou, 96% dos inquiridos estipula o valor máximo que poderá pagar pela prestação.
Cerca de 78% têm cartão de crédito e, deste grupo, a maior parte (55%) tem até mais do que um. Contudo, disse Susana Albuquerque, "há uma boa consciência do uso do cartão de crédito", já que o custo total do crédito é o factor mais ponderado pelos utilizadores quando aderem ao serviço.
O estudo indica que 61% das famílias fazem um plano de gastos mensal e que 73% dos inquiridos tem por hábito fazer poupanças. A maior parte das famílias fá-lo mensalmente ou "sempre que pode". Susana Albuquerque explicou que não pode ser feita uma comparação directa entre a taxa de poupança apurada pela ASFAC e o valor indicado pelo BdP (cerca de 10%) uma vez que as metodologias são diferentes.
No estudo da associação é considerado como poupança todo o rendimento que o inquirido não usa e fica disponível, mesmo que numa conta à ordem, por exemplo. O BdP contabiliza apenas as verbas canalizadas para aplicações financeiras específicas para poupança. A secretária-geral da ASFAC admitiu que "é preciso melhorar" a relação financeira entre pais e filhos, já que 25% dos pais que dão dinheiro aos filhos fazem-no a pedido do descendente. Outros 25% dos pais optam por mesada e 17% por semanada, sendo que a mesada média é de 119 euros e serve para alimentação, actividades escolares e diversão.
O presidente da ASFAC, António Menezes Rodrigues, congratulou-se com o facto de a maioria dos portugueses usar ferramentas de gestão financeira nas contas familiares e de usar o crédito "de forma responsável". O estudo foi realizado pela empresa NetSonda, que obteve uma amostra válida de 835 indivíduos, em que 54,6% tinham mais de 45 anos. Não foi pormenorizado o nível de rendimento dos agregados que responderam às questões.