Maria Luiza Rolim, com Lusa, in Expresso
A presidente do Banco Alimentar contra a Fome, Isabel Jonet, alerta para as situações em que os pais deixam de pagar as pensões como forma de retaliação.
O Estado pagou mais de 14 milhões de euros em pensões de alimentos a crianças em 2008, substituindo dez mil pais que por ausência, doença ou dificuldades económicas deixaram de assegurar esta responsabilidade parental decretada judicialmente.
"Um dos grandes factores de pobreza é o desmembramento de famílias", afirma a presidente do Banco Alimentar Contra a Fome . Segundo Isabel Jonet, "muitas vezes um dos progenitores, normalmente o pai, não contribui com a regularidade que seria prevista e que seria necessária com o pagamento das pensões e isso deixa as mães - que ficam na sua grande maioria assegurando as despesas - em situações muito, muito difíceis".
A presidente do Banco Alimentar Contra a Fome admite que na sequência dos divórcios, há pais "que não pagam as pensões de alimentos por absoluta incapacidade económica" e outros "que não o fazem por retaliação".
Isabel Jonet tem registado um aumento dessas situações e "sobretudo da incapacidade de pôr cobro a isto". "Há sempre mais divórcios e as mães ficam sempre muito sozinhas. Mesmo com a nova fórmula em que [os pais] dividem a parentalidade, não é suficiente", disse.
Contudo, Isabel Jonet realçou que é preciso não generalizar e que se 10.000 pais deixaram de assegurar o pagamento de pensões em 2008, "há muitos pais que pagam atempadamente as suas mensalidades".
O valor médio de uma prestação mensal de alimentos rondou em 2008 os 140 euros. Actualmente situa-se nos 142,89 euros mensais.