Uma forte tempestade a que ninguém escapa

in Jornal de Notícias

Transversal. Todos podem ser afectados, onde quer que estejam no país

Todas as profissões, em todos os sectores de actividade, de todas as idades e níveis académicos e em todo o país. É este o perfil possível do desemprego no país. Não deixa ninguém de fora e deverá continuar a subir, até às 600 mil pessoas, diz o FMI.

Os despedimentos, o "lay-off" e a formação profissional forçada, em áreas como o automóvel ou a electrónica, ilustram uma nova característica do desemprego que, em simultâneo, poderá ser um entrave à recuperação da economia. Aqueles dois sectores são exemplos de empregadores de mão-de-obra qualificada que, tradicionalmente, estava mais protegida da falta de trabalho, mas que, agora, se vê também nas filas dos centros de emprego. Entre pessoas muito qualificadas, não trabalhar significa perder capacidades que, depois, não se recuperam de um momento para o outro, adiantou João Loureiro, da Faculdade de Economia do Porto. Por isso, se o desemprego se prolonga, o que poderia ser um motor da recuperação económica acaba por se transformar em mais um factor de adiamento da retoma.

O mesmo acontece com o desemprego entre os mais jovens. De um ano para o outro, em Março, mais 14 414 trabalhadores com menos de 25 anos juntaram-se às listas do Instituto de Emprego, um aumento de 27% e superior ao registado entre os mais velhos.

O panorama repete-se num outro critério importante: tirando as pessoas ligadas ao ensino, em Março, nem uma área de actividade escapou ao aumento do desemprego. A construção civil continua a dar provas da crise iniciada em 2002 e que agora resulta num forte aumento do desemprego. Mas segue-se toda a indústria, os serviços, até a agricultura.

O desemprego aumentou em todas as áreas de actividade, mas a estatística diz que uma - os serviços - está, até, à procura de mais pessoas. É o caso do imobiliário e do apoio social, por exemplo. A quantidade de pessoas que realmente começaram a trabalhar por intermédio dos centros de emprego, contudo, baixou.