in Jornal de Notícias
Portugal ocupa a 6.ª posição no conjunto de 25 países analisados num estudo da Unicef.
O estudo "A Transição dos Cuidados na Primeira Infância" foi esta quinta-feira apresentado em Lisboa, na Conferência Nacional de Educação de Infância.
Este trabalho apresenta uma tabela comparativa da situação dos serviços de educação e apoio à primeira infância nos 25 países economicamente mais avançados, desenvolvida à luz de um conjunto de dez indicadores de referência.
Entre esses dez indicadores estão as licenças parentais de, pelo menos, um ano com 50 por cento do salário, formação e qualificação adequadas do pessoal, e uma percentagem adequada do PIB gasto em serviços para a primeira infância.
A Suécia está no topo da tabela, cumprindo os 10 indicadores, seguida de perto pelos países do Norte da Europa e pela França.
Estes são também os países que têm identificado o investimento na primeira infância como uma prioridade constante da sua agenda política, claramente reflectida nos orçamentos nacionais, segundo o estudo.
Portugal ocupa a 6.ª posição juntamente com a Alemanha, a Itália, o Japão e a República da Coreia, cumprindo quatro dos dez indicadores.
Os indicadores de referência propostos pelo estudo do Centro de Pesquisa Innocenti da UNICEF constituem um primeiro passo para promover e aferir os resultados alcançados pelas políticas públicas no domínio da primeira infância.
"Um número cada vez maior de crianças, cada vez mais pequenas e por um período cada vez mais longo está a ser confiado a serviços de educação e apoio à primeria infância," afirmou Marta Santos Pais, directora daquele Centro da UNICEF, sedeado em Florença.
Segundo o estudo, oito em casa dez crianças dos países ricos estão inseridas nalgum tipo de estrutura de cuidados e educação infantis.
Para as crianças com menos de três anos, a proporção é de 25 por cento, chegando a mais de 50 por cento em alguns países da OCDE como a Dinamarca e a Islândia.
Na última década começou a verificar-se em muitos países um aumento significativo do número de crianças que passa uma larga parte dos primeiros anos de vida numa estrutura de apoio à infância, fora do seio da família.
Esta mudança nas práticas de guarda das crianças mais pequenas, segundo a Unicef, reflecte alterações de carácter sociológico, tais como o acesso cada vez mais generalizado das mulheres ao mercado de trabalho.
Nos países da OCDE, mais de dois terços das mulheres em idade activa têm um emprego fora de casa. Em Portugal a percentagem de mulheres com filhos menores de três anos que trabalham fora de casa atinge quase 70 por cento.
A evolução, refere a Unicef, é positiva na medida em que acompanha a emancipação das mulheres, mas traduz, igualmente, uma pressão económica crescente sobre as famílias, especialmente sobre as mais pobres, no sentido de retomarem rapidamente a sua actividade profissional após o nascimento de um filho.
Apesar dos esforços desenvolvidos até agora nos vários países, a Unicef considera necessário investir mais decisivamente na educação e no apoio à primeira infância.