A.F. COM LUSA, in Jornal de Notícias
Este ano, o valor das actualizações salariais tem sido negociado abaixo do que aconteceu no ano passado, mas, apesar disso, o poder de compra real dos trabalhadores (os que ainda trabalham) está a aumentar.
A explicação é simples: a inflação muito baixa, ou até negativa como se viu no mês passado, tem como consequência o aumento real dos salários, acima da subida do ano passado.
De acordo com a UGT, que cita dados da Direcção Geral das Relações de Trabalho (DGERT), os salários cresceram a uma média de 2,6% no primeiro trimestre do ano, "justificadamente inferiores" aos 2,9% negociados no ano passado, devido à crise económica e à previsão inicial de inflação para este ano, de 1,5%, diz a UGT.
Afinal, a inflação tem sido inferior à previsão e, sobretudo, à registada na mesma altura do ano passado. É isso que leva a que os salários reais tenham crescido a uma média de 1,5% no primeiro trimestre deste ano, face a apenas 0,43% no período homólogo.
Mas nem porque os salários têm uma subida real se admite levar a terreno uma solução drástica para a crise admitida pelo empresário Belmiro de Azevedo - o corte para metade dos ganhos dos trabalhadores -, disse Vieira da Silva. "Não creio que, num país que tem os níveis salariais que Portugal tem, esta seja uma solução que está em cima da mesa", disse, ontem, no Porto. Em alternativa, o governante disse que as empresas em dificuldades devem recorrer aos apoios do Estado.
Belmiro de Azevedo tinha defendido que "mais vale neste país ganhar metade mas estar activo (...). A pior coisa é as pessoas baixarem os braços".