4.9.09

Idade continua a ser critério de contratação

in Diário de Notícias

Profissionais ambiciosos, com perfil de liderança e bom nível cultural estão entre os mais difíceis de encontrar, na óptica dos consultores em recursos humanos. Os sectores das finanças, tecnologia e informação e saúde continuam a ser as áreas que mais contratam.

O factor idade, pouca idade, continua a ser uma solicitação frequente das empresas que recorrem a selecção especializada de recursos humanos. Embora discriminar ofertas de emprego por tal requisito seja crime, não é raro encontrar anúncios que explicitam o critério. "As empresas alegam que o escalão salarial é menor para os mais jovens, pressupõem que pessoas até X idade são mais activas ou temem que não haja adaptação com uma chefia jovem. Penso que já se avançou nesse aspecto, embora para quadros médios seja mais difícil encontrar colocação depois dos 35 anos e para quadros superiores o limite ronde os 45", adianta Fernanda Almeida, da RHManagement.

Os sectores das finanças, tecnologia e informação e saúde estão entre os que mais contratam. Já para as áreas das ciências humanas - como juristas, sociólogos e linguistas - a oferta é muito reduzida. O baixo nível cultural dos candidatos é um dos aspectos que preocupam o consultor da SHL People Solutions Jorge Alves. "Penso que em Portugal não se prepara o bastante para o trabalho e as oportunidades de formação não são muitas. Embora não se possa generalizar, o nível cultural é baixo, é difícil encontrar pessoas preparadas."

A "ambição" é a característica mais rara na opinião de Mark Bowden, da Hays. "O perfil do ambicioso é o mais difícil de encontrar. Pessoas preparadas para ir além das exigências e necessidades do empregador, para adicionar valor à empresa para lá de executar as suas funções e receber o salário no fim do mês. Contudo, todos pensam que têm o perfil e dizem-se ambiciosos. É uma realidade que não é muito diferente do resto do mundo." Valorizar as próprias experiências profissionais, para além de descrever as funções exercidas, e aprender a 'vender-se' nas entrevistas são outros pontos em que os candidatos falham.

O potencial de chefia é outra demanda das empresas para os quadros de nível médio e superior. "As pessoas não estão preparadas para liderar. O melhor vendedor pode não ser o melhor chefe de equipa, porque são competências diferentes e difíceis de encontrar. Outro aspecto são as línguas estrangeiras, o inglês é imprescindível e muitas pessoas não o dominam", assinala Miguel Abreu, da Ray Human Capital.

Porque há candidatos que viram clientes e clientes que viram candidatos, ou porque os profissionais estarão na concorrência e farão parte da base de dados e da rede de contactos, as empresas de recrutamento garantem que o relacionamento com os candidatos é prioridade. A partir das candidaturas espontâneas muitas empresas realizam entrevistas para delinear perfis independente da oferta de vaga. Quando os candidatos aos anúncios não são contactados no prazo médio de dez dias, em geral significa que não ultrapassaram a triagem curricular. Contudo, se foram seleccionados para entrevistas e/ou testes, serão informados do resultado do processo de selecção.