in Diário de Notícias
O economista Ernâni Lopes só vê um caminho para criar emprego no curto prazo, que passa por uma política de investimento público em pequenas obras diversificadas.
"Para criar emprego no curto prazo, não vejo cinco soluções, só vejo uma: é, com a intervenção do Estado, fazer uma política de investimento público muito diversificada, isto é, fazer várias pequenas obras, e não fazer um grande investimento, uma obra majestática seja ela qual for", disse, questionado pelos jornalistas, durante a apresentação do relatório trimestral da Saer, que assina juntamente com José Poças Esteves.
O ex-ministro das Finanças defende, assim, que a única solução mais imediata para criar emprego "é fazer uma rede alargada e diversificada de pequenos investimentos" que, ainda assim, admite "na banda de alguns poucos milhões de euros".
Das obras possíveis, destaca a que considera ser a "mais fácil de todas" e que, por isso, "desde o primeiro dia só disse bem da medida (do Governo)". Trata-se da recuperação das escolas.
"É que são despesas - que não sou capaz de dizer mínimas porque apesar de tudo é dinheiro -, mas que vão direitinho para as PME (Pequenas e Médias Empresas), que tem um elevadíssimo conteúdo em termos comparativos de produção interna e que estão a irrigar um conjunto da economia", justifica Ernâni Lopes.
Entre as vantagens no dinheiro aplicado na recuperação das escolas, diz o economista, por exemplo, que "é útil, não é deitar 'dinheiro à rua', são volumes geríveis (de investimento)no conjunto da despesa pública - e mesmo em termos de endividamento, se for bem gerido, dá para encaixar - e têm um efeito local. Este é o exemplo que eu diria mais paradigmático".
Assim, sobre os grandes investimentos públicos, alerta o economista que, "pelo menos sobre aqueles a que vejo referências na comunicação social, acho que é melhor pensar sete vezes".
Segundo o primeiro-ministro, José Sócrates, em Dezembro último, as obras da Parque Escolar - a entidade que gere o programa de recuperação e requalificação de 332 escolas em Portugal até 2015 - garantiam dez mil empregos, a ocupação de 2.760 empresas e 500 milhões de euros de investimento.