in Diário de Notícias
O economista Ernâni Lopes afirmou ontem que as reduções do endividamento do Estado e do défice devem ser prioridade, defendendo ainda que os estímulos à economia não devem ser retirados para já.
Na apresentação do relatório trimestral, o presidente da Saer - Sociedade de Avaliação Estratégica e Risco, considerou que Portugal "ainda está a tempo" de evitar colocar-se numa situação como a da Grécia, mas que para isso é preciso consolidar as finanças públicas.
"Portugal ou baixa o endividamento e o défice ou continua o percurso" de deterioração das contas públicas, afirmou Ernâni Lopes, considerando no entanto que entre Portugal e Grécia estão diferenças de "velocidades e percursos, desfasados no tempo".
No entanto, o economista disse que "não aconselharia retirar os estímulos" nesta altura, alertando ainda para a hipótese do ciclo económico voltar a cair, no final de 2010 ou inicio de 2011, devido ao vencimento de elevados níveis de divida na economia americana, forçando a recuperação a uma recuperação em 'W'.
Para o futuro da economia portuguesa, Ernâni Lopes recuperar sete pontos que já havia defendido, com a redução do endividamento à cabeça.
Entre os restantes está o aumento da produtividade, a orientação de uma política económica estrutural nos domínios de potencial estratégico, o crescimento das exportações, o investimento público selectivo, o investimento em educação e a concretização operacional da matriz estratégica (relação entre as economias portuguesa, europeia, brasileira e com o continente africano).
O antigo ministro das Finanças considerou ainda que "nada mudou no sistema financeiro", nomeadamente a nível dos mecanismos onde considera que "não se nota diferença", à excepção de alguma prudência extra, mantendo-se no entanto o problema: a manutenção dos mecanismos de dívida.