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A Amnistia Internacional-Portugal teme que os direitos humanos fiquem fora da agenda política da visita de Estado do presidente chinês a Portugal, que arranca hoje, tendo já sido proibida uma concentração em frente ao Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
"Temo que sim... perante isto agora. O Governo português está extremamente preocupado em que Hu Jintao tenha uma brilhante receção... aparentemente", afirmou à agência Lusa Maria Teresa Nogueira, coordenadora do Grupo da China na secção portuguesa da Amnistia, quando interrogada sobre se receia que a questão dos direitos humanos seja omitida por Portugal durante a visita, em favor dos assuntos económicos.
O programa da visita de Estado de dois dias de Hu Jintao a Portugal inicia-se com a deposição de uma coroa de flores no túmulo de Luís de Camões, no Mosteiro dos Jerónimos, segundo uma nota da Presidência da República.
Na sexta feira, porém, o Governo Civil de Lisboa proibiu, alegando tratar-se de uma "contramanifestação", uma concentração em frente ao monumento, marcada para hoje e que pretende apelar aos direitos humanos na China, promovida pela secção portuguesa da Amnistia Internacional.
O governo civil invocou ter recebido o pedido de autorização da Amnistia depois do da Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chinesa para uma concentração no mesmo local.
Em alternativa, determinou que a concentração da Amnistia se realize junto à Torre de Belém, ao que a Amnistia acedeu, mas inconformada.
"Até aqui ainda poderíamos esperar, ter alguma esperança, em que o Governo português tivesse alguma sensibilidade [em relação] aos direitos humanos e, enfim, pusesse as duas questões que nós lhe pusemos por escrito (...). Agora, já não sabemos se vão sequer tocar no assunto... perante uma simples manifestação de organizações pacíficas (...) que terá que ir para o lado de lá [Torre de Belém]. Até parece que vamos atirar cocktails Molotov ao presidente Hu Jintao", apontou Teresa Nogueira.
A concentração da secção portuguesa da Amnistia é promovida em conjunto com a União Budista Portuguesa e o Grupo de Apoio ao Tibete e visa pedir, nomeadamente, a libertação do Prémio Nobel da Paz 2010, o dissidente chinês Liu Xiaobo, e o fim da detenção domiciliária da sua mulher, Liu Xia, bem como a comutação da pena de morte em prisão do cidadão português de etnia chinesa Lau Fat Wei, residente em Macau.
O apelo, referiu Maria Teresa Nogueira, foi igualmente expresso em carta dirigida esta semana ao Presidente da República, Cavaco Silva, ao primeiro ministro, José Sócrates, e ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado.
O presidente chinês, Hu Jintao, realiza uma visita de Estado a Portugal a convite de Cavaco Silva.