in Diário de Notícias
Para além das carreiras de topo, 80% dos técnicos superiores e professores são atingidos. Cortes afectam 30% a 40% dos enfermeiros e militares
O corte de salários na administração pública, que permitirá baixar a despesa em cerca de mil milhões de euros no OE/2011, vai afectar um universo muito extenso de funcionários, sendo que em 13 carreiras profissionais o impacto oscila entre os 80% e os 100% dos trabalhadores.
Segundo uma estimativa do Ministério das Finanças, os cortes - que variam entre os 5% e os 10% das remunerações ilíquidas a partir dos 1500 euros - atingem na íntegra 100% dos dirigentes, juízes e magistrados, diplomatas, investigadores, docentes do ensino universitário e politécnico, médicos, oficiais de justiça e das chefias tributárias. Aqueles profissionais representam, segundo a mesma fonte, mais de 10% dos trabalhadores e titulares de cargos da administração central e local.
Mas para além da expectável incidência elevada naquele grupo de profissionais - com os maiores níveis remuneratórios dentro da administração pública -, os cortes são ainda muito significativos noutras carreiras. São as próprias Finanças a estimarem em "cerca de 80% dos técnicos superiores, informáticos, docentes do ensino pré-escolar, básico e secundário, dos inspectores e do pessoal da administração tributária os profissionais que sofrerão na pele as duras medidas de contenção orçamental.
Relevante é ainda a extensão da redução salarial nos notários, conservadores e trabalhadores da Polícia Judiciária, onde a incidência rondará os 50% a 70%. Mas também no grupo dos enfermeiros e militares das Forças Armadas e da GNR - entre a 30% a 40% deverão ser tocados pela austeridade.
Tal como o ministro das Finanças já admitiu, o aumento de receita a obter com o garrote salarial no Estado vai ter, como contrapartida, uma diminuição de 200 milhões de euros em receita de IRS. Mas continua a ser a salvação das contas. E um dos principais motivos na base da greve geral marcada para dia 24.