Por Samuel Silva, in Jornal Público
Salários da administração e valor das senhas de presença dos membros do conselho geral baixam 30 por cento. A Fundação Cidade de Guimarães não comenta decisão
Os salários dos administradores da Fundação Cidade de Guimarães (FCG) vão sofrer um corte de 30 por cento no início do próximo ano. Com esta redução, que também abrange as senhas de presença pagas aos membros do conselho geral, a instituição que lidera a Capital Europeia da Cultura (CEC) de 2012 vai poupar cerca de 165 mil euros por ano. A decisão foi tomada no final da semana passada pela comissão de vencimentos e anunciada ontem pelo presidente da Câmara de Guimarães, António Magalhães.
Face a esta medida, o vencimento da presidente da FCG, Cristina Azevedo, passa de 14.300 para dez mil euros. Os dois vogais do conselho de administração, João Serra e Carla Morais, vêem o salário passar de 12.500 para 8750 euros. O ex-Presidente da República Jorge Sampaio, que preside ao conselho geral da FCG, vê a sua retribuição reduzida, de 500 para 350 euros, e os restantes 17 membros passam a receber 210 euros por reunião, em lugar dos actuais 300.
Recorde-se que o orçamento da FCG para 2011 previa um gasto total de 1,285 milhões de euros, dos quais não fazem parte os valores contratados com os programadores das diversas áreas artísticas. Se o valor dos vencimentos se mantiver até ao final do mandato da administração, que está previsto para 2015, a instituição pagará menos quase 850 mil euros em salários face àquilo estava decidido.
A proposta de redução geral dos vencimentos da administração da Guimarães 2012 foi aprovada, por unanimidade, pela comissão de vencimentos da fundação. Face à contestação relativamente aos valores pagos pela FCG aos seus administradores, que nas últimas semanas uniu os partidos da oposição no Parlamento e o Governo, a reunião anual da comissão de vencimentos, que só devia acontecer no final do ano, foi antecipada. A decisão tem em conta "o contexto económico-financeiro" e o facto de a FCG gerir fundos maioritariamente públicos.
"Fizemos o trabalho que nos competia e, pela parte que nos toca, o assunto está arrumado", sublinha António Magalhães, que também preside à comissão de vencimentos. O autarca não acredita que a polémica em torno dos vencimentos possa pôr em causa o prestígio da Guimarães 2012. "Não beliscou minimamente (...). Todas as CEC anteriores tiveram sempre alguns focos de problemas, que acabam por ser normais, dado que estes projectos são propensos a dores de cotovelo", acrescenta.
A redução salarial foi já comunicada aos responsáveis da Guimarães 2012, mas, contactada pelo PÚBLICO, a administração da FCG não quis comentar. Ainda assim, António Magalhães acredita que a medida será aceite pelos três administradores. "Tivemos sempre a convicção de que iam ter noção do que está em causa", sustenta. O Ministério da Cultura também não quis comentar.