in Jornal de Notícias
A média mundial do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) aumentou 18% nos últimos 20 anos, reflectindo grandes melhorias na esperança de vida, matrículas escolares, alfabetização e rendimento, mas alguns países sofreram sérios reveses, revela relatório.
O Relatório do Desenvolvimento Humano 2010, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, divulgado hoje, indica que a média mundial do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) aumentou 18% desde 1990 e 41 por cento desde 1970.
Dos 135 países da amostra para 1970-2010, que representam 92 por cento da população mundial, quase todos beneficiaram deste progresso, embora de forma muito dispare, e apenas três -- República Democrática do Congo, Zâmbia e o Zimbabué -- têm um IDH actual inferior ao de 1970.
Realçando que houve grandes avanços, este relatório do Programa da ONU para o Desenvolvimento, na edição do seu 20º Aniversário, alerta que as mudanças das últimas décadas estão longe de ser completamente positivas.
"Alguns países sofreram sérios reveses -- particularmente na área da saúde -- anulando, por vezes, em alguns anos os ganhos de várias décadas", o crescimento económico tem sido "extremamente desigual" e "as lacunas do desenvolvimento humano por todo o mundo permanecem enormes, embora estejam a diminuir", lê-se no documento.
O abrandamento no progresso agregado na área da saúde deve-se a reversões profundas em 19 países, em nove deles -- seis na África Subsariana e três na antiga União Soviética -- a esperança de vida caiu abaixo dos níveis de 1970.
As causas desses declínios são a epidemia do VIH e o acréscimo de mortalidade adulta nos países em transição.
Na educação, o progresso é substancial e generalizado, reflectindo melhoramentos na quantidade de escolaridade e também na igualdade de acesso à educação entre rapazes e raparigas.
O progresso no rendimento varia muito mais. Apesar do progresso agregado, não há convergência no rendimento - em contraste com a saúde e a educação - porque, em média, os países ricos cresceram mais depressa do que os pobres ao longo dos últimos 40 anos.
No geral, os países pobres estão a aproximar-se dos países ricos em termos globais de IDH, sendo alguns Estados da África Sub-saariana os que evidenciam um progresso mais lento.
Entre os países que mais progrediram incluem-se "milagres de crescimento" do rendimento, como a China, a Indonésia e a Coreia do Sul, mas também outros, como Nepal, Omã e Tunísia, em que o progresso nas dimensões não-rendimento do desenvolvimento humano foi "notável", concluem os técnicos da ONU.
Helen Clark, Administradora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, sublinhou que os resultados deste relatório confirmam "as afirmações nucleares do RDH desde o seu começo", de que "o desenvolvimento humano é diferente do crescimento económico e que são possíveis realizações substanciais mesmo sem um crescimento rápido".