Luís Forra, in RTP
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) publicou o seu relatório sobre as perspectivas económicas, com más notícias para Portugal, em todas as frentes: na economia, anuncia-se uma contracção da ordem oos 0,2 por cento; no que diz respeito à situação social, o desemprego agrava-se em 0,5 por cento.
Segundo o relatório da OCDE, o desemprego em Portugal deverá atingir os 11,4 por cento em 2011 e retroceder depois ligeiramente, para os 11,1 por cento, em 2012.
Agravemento do desemprego
As duas previsões ficam consideravelmente distanciadas daquelas que o Governo apresentou, respectivamente de 10,8 por cento para 2011 e de 9,8 para 2012.
O mesmo relatório cauciona, por outro lado, quase sem matiz algum, a estimativa do Governo para a taxa de desemprego do ano corrente, com uma diferença de apenas um décimo percentual: ao passo que o executivo estima o desemprego de 2010 em 10,6, a OCDE situa-o nos 10,7 por cento.
As previsões da OCDE encaram a situação portuguesa com mais pessimismo que a dos restantes países europeus considerados. No relatório, a taxa média de desemprego nos 16 países da zona euro deverá andar pelos 9,9 por cento em 2010, recuando para 9,6 e 9,2 por cento em 2011 e 2012.
E adiferença torna-se ainda mais significativa se se considerar conjunto dos países da OCDE: de 8,3 por cento em 2010, 8,1 e 7,5 por cento nos dois anos seguintes.
Governo relativiza agravamento
Ao serem ontem divulgados os dados do INE que davam conta de uma agravamento do desemprego no terceiro trimestre de 2010, a ministra do Trabalho, Helena André, comentou que se trata de uma oscilação ambém na quarta feira, a ministra do Trabalho comentou que se trata de uma oscilação habitual nesta altura do ano e que não põe em causa a preivsão para 2011.
Nas palavras da ministra, citadas pela agência Lusa, "os dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional mostram que houve uma queda das entradas no desemprego em Outubro, e a conclusão que tiramos, ao longo do ano, é que existe alguma volatilidade na forma como o desemprego evolui positiva e negativamente, [pelo que] é prematuro dizer que vamos rever as metas"
Contracção da economia
As perspectivas da economia portuguesa em 2011 não são melhores. Na visão do relatório, deverá registar-se uma contracção de 0,2 por cento - o pior ano, situado etre o crescimento que se prevê de 1,5 por cento para o ano corrente e para 1,8 por cento em 2012.
Segundo o texto do relatório, citado pela Lusa, "espera-se que a economia esteja muito fraca no resto de 2010 e até 2011, devido à forte consolidação orçamental e ao 'aperto' no acesso ao crédito". Também aqui o relatório da OCDE vê um ano de 2011 mais negro do que o Governo português, que prevê um crescimento quase nulo de 0,2 por cento, mas apesar de tudo acima do simbólico ponto zero. Para 2012, pelo contrário, o Governo apresenta uma previsão de crescimento inferior à constante do relatório da OCDE, e de apenas nos 1,1 por cento.
Aprovação com reservas
O mesmo relatório da OCDE aprova as medidas de contenção do défice, considerando que "corrigir rapidamente quaisquer desvios orçamentais, é essencial para reduzir os custos do financiamento externo, e assim afastar o maior risco da contração do [acesso ao] crédito".
A aprovação não é entusiástica em todos os aspectos, porque o relatório também entende que "a consolidação orçamental teve um início mais lento em Portugal do que em qualquer outro país periférico da zona euro". E sublinha algo que tem sido objecto da polémica política entre PS e PSD, nomeadamente o facto de que "na primeira metade de 2010 não houve virtualmente redução do défice face a 2009, apesar do bom comportamento da receita".
Por isso, sublinha, a redução do défice em 2010 "só vai ser alcançada com recurso a medidas temporárias, principalmente os 1,5 por cento do PIB recebidos da maior empresa de telecomunicações [a PT] como compensação pela transferência do fundo de pensões para o Estado".