Mas como é que se pode ajudar estas pessoas que têm o mesmo direito a ser felizes do que nós?
Há uns dias, enquanto passava à porta do supermercado, perto de minha casa, registei um momento, com muita atenção. Uma senhora pedia esmolas sentada no chão e uma rapariga, eu diria à volta dos 30 anos, de uma forma muito querida, aproximou-se para falar com a senhora.
A minha curiosidade e a minha costela jornalística, de quem gosta de registar alguns momentos com atenção, fizeram-me parar e observar o momento, a escassos metros, mas sem que se apercebessem que eu estava a ver e ouvir como um espião, durante uns segundos.
rapariga disse com muito carinho: “Precisa de alguma coisa para comer? Quer que eu traga uma sandes ou outra coisa?” Eu vi e senti genuína bondade. Via-se mesmo que era uma boa pessoa, com uma empatia muito honesta e muita vontade de ajudar quem mais precisa do nosso sentido de humanidade. Mas eu estive mesmo para ir atrás dela, e dizer-lhe “não é assim que se faz!”. Não o fiz, mas atrevo-me a escrever estas palavras, sempre disponível a estar errado e aprender com outras opiniões, nomeadamente de quem tem anos e décadas de trabalho de luta contra a pobreza, que não é o meu caso.
Primeiro esta senhora que estava a pedir pertence a uma “máfia” que os coloca estrategicamente em determinados locais, muitas vezes com crianças, com um “teatro” bem estudado. Mesmo que não seja dinheiro e seja “só” comida, estamos a alimentar a mendigagem de rua, a alimentar esta “máfia” que está por detrás, e nada estamos a fazer para tirar da pobreza esta senhora.
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