Joana de Belém, in Diário de Notícias
As famílias de etnia cigana que moram na Rua do Bacelo, no Porto, recusam-se a sair das barracas a não ser que a câmara garanta por escrito que serão realojadas no prazo de 60 dias. A autarquia reiterou ontem essa intenção, mas voltou a assumir o compromisso apenas verbalmente, através do presidente da Junta de Freguesia de Campanhã, Fernando Amaral.
A razão invocada pelos moradores para não aceitar o alojamento temporário em pensões prende-se com o receio de ficarem "para lá esquecidos", explicou ao DN Carminda Carvalho - à semelhança das famílias das Fontainhas e da Sé, que permanecem há três anos nessa "situação provisória".
Durante o dia de ontem, moradores e representantes de movimentos cívicos mantiveram-se em vigília junto ao local, para impedir que a autarquia avance repentinamente com as demolições.
Fonte da câmara disse que serão realojados todos os que preencham os requisitos legais. "Será feita uma análise caso a caso durante esses 60 dias, mas acreditamos que a maioria tem direito", acrescentou a fonte, que nada soube adiantar sobre os próximos passos da autarquia face à recusa dos moradores.
Vítor Marques, da União Romani, diz que a câmara demonstra má-fé e questiona a sua legitimidade para intervir "porque o terreno é de um privado que não moveu nenhuma acção a esta comunidade".