in Jornal Público
Portugal tinha, no ano de 1957, uma economia que se encontrava na antecâmara das grandes transformações da década seguinte. Os sinais da abertura ao exterior estavam por chegar e os níveis de riqueza muito inferiores aos da média europeia forçavam uma mudança.
Há cinquenta anos atrás, os indicadores agora registados nas séries longas do Banco de Portugal apresentavam uma economia muito fechada, com um rendimento por pessoa inferior a metade da média europeia e com um peso extremamente elevado da agricultura. A taxa de crescimento registada nesse ano foi de 4,6 por cento. Um valor bastante mais forte do que os 1,3 por cento actuais, mas que não se destacava face à média dos anos 50. Depois de dois anos seguidos com variações do PIB na casa dos três por cento, a economia acelerava para um ritmo, que algum tempo depois seria ainda mais alto, de 6,1 por cento.
Não eram, no entanto, as exportações que puxavam pela economia. Nesse ano, em termos reais, as vendas de mercadorias ao estrangeiro diminuíram um por cento face ao ano anterior, acentuando a reduzida importância desse indicador para a actividade económica em Portugal. Em 1957, as exportações representavam apenas 11,3 por cento do PIB. Actualmente, o seu peso ascende a mais de 30 por cento. Seria apenas nos anos 60 que Portugal passaria a ter, de forma crescente, as exportações como o principal motor da economia. E, a par dessa abertura, veio também a industrialização, que foi motivada por um aumento muito significativo do investimento estrangeiro, que, em 1957, era muito baixo.
Nesta altura, o cenário era ainda o de um sector primário - constituído pela agricultura, pescas e silvicultura -, com uma importância na economia muito elevada. A taxa de desemprego estava nos 2,9 por cento, um nível muito mais baixo do que o actual. Este indicador desceria ainda mais nos anos 60 e 70, com a ajuda da guerra e da emigração.