27.3.07

São milhões as crianças sujeitas a trabalho duro

in Jornal de Notícias

A exploração de crianças é feita em muitas actividades e com a violência de um sistema de escravatura

Um documento da organização humanitária "Save the Children" apelou ontem aos líderes mundiais para que actuem no sentido de acabar com a escravatura infantil. No seu mais recente relatório são descritas as formas de exploração, maus tratos e abuso a que são sujeitas milhões de crianças em todo o mundo.

O documento "As Pequenas Mãos da Escravatura" revela que 1,2 milhões de crianças são anualmente vítimas de tráfico e 1,8 milhões são vítimas de abusos como a prostituição, pornografia ou turismo sexual. Também milhões são forçadas a trabalhar em condições terríveis para pagar dívidas, enquanto um milhão arrisca a vida em minas que laboram em mais de 50 países de África, Ásia e América do Sul. Na Índia, por exemplo, a organização estima que haja 15 milhões de menores obrigados a trabalhar para pagar dívidas de outras pessoas. Em alguns casos, a exploração é dirigida contra crianças que nem saíram da primeira infância e às quais são impostas tarefas pesadas.

De acordo com a "Save the Children", a agricultura é das actividades que mais recorre a trabalho de jovens com menos de 15 anos em todo o mundo estima-se que o seu número atinja 132 milhões, sem hipótese de fuga e expostos a pesticidas, maquinaria pesada e ferramentas perigosas. Também outros milhões de crianças são utilizadas nos serviços domésticos, trabalhando quase 15 horas por dia. A acrescentar a estas formas de exploração, muitas situações há de casamentos forçados. Estes chegam a ser impostos a meninas de quatro anos. Outro campo de exploração denunciado pela "Save the Children" refere-se à utilização de menores de 15 anos em conflitos armados.

Presentemente serão cerca de 300 mil os meninos-soldado. Só na República Democrática do Congo estão detidas onze mil crianças por grupos de combatentes."Os líderes mundiais têm de actuar urgentemente para acabar com a escravatura infantil e aplicar leis e os recursos necessários para erradicar estas práticas terríveis", apelou a directora executiva da organização. Segundo Jasmine Whitebread, "a escravatura infantil é uma dura realidade para milhões de crianças em países ricos e pobres" e os "governos de todos o mundo não fazem o suficiente para responder a este problema".