Centros de atendimento a toxicodependentes vão funcionar na primeira linha de resposta a alcoólicos

Bárbara Simões, in Jornal Público

Uma pessoa com problemas de alcoolismo tem neste momento três grandes centros especializados onde pode dirigir-se. dentro de pouco tempo deverá contar com mais de 50 unidades aptas a recebê-la, uma vez que os centros de atendimento a toxicodependentes (cat) do país passarão a trabalhar também nesta área. esta será uma das principais mudanças decorrentes da anunciada passagem dos centros de alcoologia de lisboa, porto e coimbra para o sistema de tratamento tutelado pelo instituto da droga e da toxicodependência (idt). "O que pretendemos é que a integração venha a resultar num aumento das respostas para os alcoólicos", resume o presidente do idt, João Goulão.

A nova lei orgânica do idt, a publicar em diário da república, definirá os pormenores da nova organização dos serviços. Mas a ideia geral, adianta goulão, é "pôr os 53 cat a funcionar também na primeira linha de atendimento" de situações de alcoolismo. E manter três "unidades especializadas em alcoologia" (os actuais centros regionais), que "serão novas unidades do idt, com a sua especificidade e a mais-valia da sua experiência nesta área". Todo o processo terá de ser concretizado progressivamente. "É uma coisa faseada", diz. "Há circuitos que é necessário montar, formas de comunicação, de referenciação." o presidente do idt prevê que "a velocidade de cruzeiro, com os papéis perfeitamente clarificados", possa ser atingida dentro de um ano.

A integração dos centros de alcoologia no sistema de tratamento tutelado pelo instituto da droga e da toxicodependência foi confirmada, em setembro do ano passado, pelo ministro da saúde, correia de campos. Surge num contexto de "défice" nas estruturas públicas de tratamento de alcoólicos, como ainda no domingo reconhecia, à lusa, o director do centro regional de alcoologia do sul, domingos neto. E também de aumento do número de doentes que associam toxicodependência e alcoolismo. Portugal surge em oitavo lugar no ranking dos países com maior consumo de álcool puro. A tabela da associação world drink trends é liderada pelo Luxemburgo, seguido da Hungria e da República Checa.

Em 2003 cada português bebeu, em média: 42 litros de vinho (o país é o quarto maior consumidor); 58,7 litros de cerveja; 1,4 litros de álcool puro em bebidas destiladas. Ainda no mês passado a psp e a gnr detiveram, só no período de carnaval, mais de 400 condutores que tinham abusado da bebida, isto é, que apresentavam uma taxa igual ou superior a 1,2 gramas de álcool por litro de sangue. A polícia fez saber que se tratava de um número recorde.