in Jornal de Notícias
A socióloga Anália Torres considera que ser pobre não é argumento para que as autoridades competentes retirem os filhos a uma família. O que é preciso, comenta, com base na situação gerada em torno da família de Lousada, é que haja uma atenção permanente do Estado perante agregados familiares que vivem com poucos recursos. Tal não significa, alerta, que o Estado possa "limitar a liberdade a estas pessoas de constituírem família".
JNO argumento pobreza pode ser factor decisivo para se retirarem filhos aos pais?
Anália TorresSer pobre, obviamente, que não é argumento. Mas esta família de Lousada, que vive em condições pouco adequadas, terá também poucas qualificações. Além disso, dois filhos ter-lhes-ão sido retirados por o casal não se ter apercebido que as crianças estavam doentes. Portanto, embora não haja um histórico de maus-tratos por parte destes pais para com os seus filhos, os factores que referi deverão ter sido tidos em conta pelos técnicos que estão no terreno.
JNHaverá uma pressão social e da Imprensa que obrigue a tanto rigor?
Anália TorresEm Lousada, poderá ter havido um maior cuidado por parte da Segurança Social. Não nos podemos esquecer das várias situações que têm surgido na Comunicação Social sobre maus-tratos a crianças. E tudo por ter havido, após a sinalização, uma lentidão na intervenção, dando espaço aos pais biológicos para continuarem com os maus-tratos. O que deve acontecer é uma intervenção cuidada, que nem pode ser lenta, nem pode ser no sentido de limitar a liberdade a estas pessoas de constituírem família.
JNComo caracterizaria a família de Lousada?
Anália TorresÉ uma família onde o destino assume importância no nascimento dos filhos. Ou seja, se eles nascem, isso é incontrolável.