9.4.08

Ciganos longe da plenitude de direitos

in Jornal de Notícias

Sem números exactos sobre quantos ciganos residem em Portugal, e independentemente das estratégias de alojamento e do seu sucesso, muito falta fazer para tornar os ciganos cidadãos de "pleno direito", defendeu a alta comissária para a Imigraçãoe Diálogo Intercultural (ACIDI), Rosário Farmhouse, no início do seminário internacional "Ciganos Território e Habitat", a decorrer no ISCTE.

O direito constitucional à habitação, apesar de "consagrado", ainda é para muitas famílias - de ciganos ou não - "um desejo", tal como a cidadania "de pleno direito", afirmou a responsável.

A socióloga Isabel Guerra sublinhou, no encontro, que a sociedade actual, "apesar de cada vez mais aceitar a diferença, também se incomoda cada vez mais com a diversidade".

Rosário Farmhouse deixou ainda um apelo para que todos os cidadãos sejam "cada vez mais" abertos e receptivos ao diálogo intercultural e à diferença entre culturas, sublinhando a importância deste congresso sobre a etnia cigana no dia em que se assinalou o Dia Mundial do Cigano.

Dos trabalhos de arranque do encontro, que se prolongaram até ao início da tarde, foram relatadas várias experiências sobre política de habitação ou alojamento para ciganos.

Sobre Portugal, falaram os sociólogos Alexandra Castro e André Correia, do Centro de Estudos Territoriais do ISCTE, que apresentaram um trabalho realizado há dois anos sobre a população cigana e precaridade institucional. A não aceitação da cultura cigana, dos hábitos, o receio das populações, entre outros factores, foram mencionados pelos investigadores como explicativos da precaridade habitacional da etnia cigana em Portugal.

Embora sem números finais sobre a comunidade cigana, estimaram em cerca de 40 mil, dos quais 16 a 18% vive em condições precárias de habitação (entre 6.500 a sete mil).

O seminário termina hoje, com a realização de um workshop sobre "A construção participada da mudança".