in Jornal de Notícias
Os organizadores do seminário internacional "Ciganos Territórios e Habitat", onde foram debatidas durante dois dias as estratégias de alojamento da comunidade cigana, lançaram ontem uma proposta de carta de princípios sobre a matéria.
O documento, promovido pelo Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), Câmara de Coimbra, Centro de Estudos Territoriais do Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) a Gebalis e o Alto Comissariado para a Imigração e o Diálogo Intercultural (ACIDI), destaca a necessidade de políticas habitacionais que ajudem a eliminar "a segregação das populações ciganas".
A proposta de Carta de Princípios, que fica aberta a sugestões através do endereço cartaprincipios@gmail.com, sublinha que as soluções concretas de habitação a pôr em prática devem "ser acompanhadas de medidas de apoio à valorização e difusão das tradições e cultura" cigana.
"É altura de admitirmos que a comunidade cigana tem problemas específicos que não podem ser camuflados na generalidade das minorias", sublinhou Luis Pascoal, do Gabinete de Apoio às Comunidades Ciganas.
O documento foi apresentado no encerramento da conferência que durante dois dias juntou mais de 400 pessoas no ISCTE, entre responsáveis governamentais e autárquicos da área da habitação, técnicos sociais e mediadores culturais da comunidade cigana.
Durante a cerimónia de encerramento, o presidente da Câmara de Coimbra, co-organizadora da conferência, sublinhou a falta de uma política nacional nesta área e as dificuldades que as autarquias encontram para resolver os problemas da comunidade cigana.
Como exemplo do "bom trabalho" nesta área, Carlos Encarnação apontou o "Parque Nómada", uma iniciativa da autarquia que funciona como um "estágio" para preparar a comunidade cigana para o realojamento. "É preciso preparar as pessoas para a integração. De que serve dar instrumentos que depois as pessoas não sabem usar", afirmou.