Célia Marques Azevedo, Correspondente em Bruxelas, in Jornal de Notícias
O presidente da Comissão Europeia pediu, ontem, maior "determinação" no cumprimento dos objectivos de Desenvolvimento do Milénio. Durão Barroso quer que os países membros da União Europeia (UE) tracem um plano anual até 2015 com os valores que estão dispostos a doar aos países carenciados. Os números da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE), publicados na semana passada, mostraram que os Estados-membros diminuíram, pela primeira vez, em 2007, a parcela dedicada ao desenvolvimento.
Com a tendência actual, os objectivos traçados na Declaração do Milénio, assinada, em 2000, por todos os países membros das Nações Unidas (ONU), não serão cumpridos, avisou o antigo primeiro-ministro português.
Na altura foram levantados oito problemas principais que afectam humanidade, a erradicar nos primeiros anos no século XXI. Problemas como o fim da pobreza e da fome extrema, o direito à educação primária, diminuição da mortalidade infantil e melhor saúde materna, igualdade do géneros, o combate a doenças como a malária e o HIV-Sida, assegurar a sustentabilidade ambiental e desenvolver uma parceria global para o desenvolvimento.
Actualmente, e com o fantasma da crise financeira norte-americana a ameaçar a Europa, Durão pede que seja dado mais dinheiro aos países em desenvolvimento e não quer ouvir falar de revisão em baixa dos objectivos para o desenvolvimento.
"Aquilo que pedimos aos Estados-membros é que nos dêem a indicação da trajectória que vão seguir nos orçamentos até 2010 e 2015 para garantir o cumprimento desses objectivos, se o fizermos estaremos em melhores condições de levar outros a darem o seu contributo". O comissário europeu, Louis Michel, responsável pela área, explica que esta planificação a longo prazo permite aos países receptores programar a aplicação dessa ajuda.
O compromisso assinado pelos países da ONU seria avançar em 2000 com 0,56% do Produto Interno Bruto (PIB) traduzido em ajuda financeira e aumentar para 0,7% em 2015.
Segundo os números do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, em 2007, Portugal, cedeu 0,2% do seu PIB, uma verba de 307 milhões de euros.