4.4.08

Em 2006, houve mais 70 por cento de crianças seropositivas com acesso a tratamento

Margarida Paes, in Jornal Público

O número de crianças seropositivas que receberam tratamento anti-retroviral aumentou em 70 por cento entre 2005 e 2006, segundo um relatório da Unicef ontem divulgado. A proporção de mulheres grávidas a receber os tratamentos de prevenção da transmissão do HIV de mãe para filho (PMTCT) nos países do Sul e Leste de África, aumentou de 11 por cento em 2004 para 31 por cento em 2006. Este é o outro resultado positivo apontado pela Unicef neste relatório, embora a organização sublinhe que ainda há um longo caminho a percorrer até poder ser cumprido o objectivo de uma geração sem sida.

"É sabido que os tratamentos são fundamentais, mas a prevenção será a solução", disse o director de Dados e Políticas do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/Sida (UNAIDS), Paul De Lay, um dos intervenientes numa conferência de imprensa telefónica a partir de Nova Iorque.

Este documento é o segundo relatório anual sobre crianças afectadas pela sida produzido pela Unicef, pela UNAIDS e pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e referente a 157 países de baixo e médio rendimento. As conclusões analisam os progressos alcançados e os desafios que persistem em "quatro áreas prioritárias da luta contra o HIV/sida - a PMTCT, a prestação de tratamento pediátrico, a prevenção da infecção entre jovens, e a protecção e apoio às crianças afectadas pela sida", segundo a responsável do Departamento de VIH e Sida da Unicef, Doreen Mulenga.

Dois tipos de acção
A OMS e os seus parceiros internacionais tentaram actuar, reforçando os sistemas de saúde de cada país e apoiando as suas comunidades. Apesar de não ser fácil; como realçou o director do departamento do HIV/Sida da OMS, Kevin de Cock, "os sistemas nacionais de saúde destes países são um enorme obstáculo à prevenção do HIV/Sida no mundo".

Quando questionado sobre novos avanços na investigação dos tratamentos anti-retrovirais para prevenir a PMTCT, Kevin de Cock garantiu que "desenvolvimentos importantes" tinham "sido obtidos". O estado dos bebés, depois de lhes serem administrados os medicamentos profilácticos tem melhorado, mas o resultado concreto destes progressos "só começará a ser conhecido dentro de oito meses a um ano".