4.4.08

"Não existe uma política de apoio à família"

Alexandra Marques, in Jornal de Notícias

A formação parental está prevista na lei aprovada em 1999, de protecção de crianças e jovens em risco, "mas nunca foi cumprida", por ter faltado "vontade política", disse ontem à tarde, na Fundação Calouste Gulbenkian (FCG),o psiquiatra Daniel Sampaio.

"Não há uma política coerente de apoio à família em Portugal. Porque é uma área difícil e que exige muitos recursos", afirmou o coordenador científico do programa, concluindo "Houve falta de vontade política nessa área".

Na apresentação soube-se que os oito projectos - em que a FCG vai investir 1,2 milhões de euros até 2011 - decorrerão na Amadora, Sintra,Lisboa e Setúbal, "os concelhos com mais crianças sinalizadas pelas comissões de protecção". Foi ainda referido que a avaliação permitirá aferir se os objectivos foram alcançados.

De um modo geral, estes oito projectos que serão desenvolvidos por organizações que já estão no terreno destinam-se a "trabalhar a parentalidade", ou seja, "a capacidade de ser pai ou mãe para que as crianças possam ter um mínimo de saúde física e mental", explicou Daniel Sampaio.

Os dois principais objectivos consistem em diagnosticar os problemas, aplicar as soluções e verificar os resultados e, ao nível das equipas, possibilitar que esta experiência lhes dê condições de formação de outros grupos.

Foram escolhidas instituições que garantiram a continuidade do projecto cujos representantes se reuniram ontem para partilhar ideias e intenções. Em Novembro haverá uma nova reunião plenária para avaliar o que foi feito.

Na Amadora, o "Nova Mente" vai acompanhar 60 famílias e 150 crianças da Damaia, enquanto o Instituto das Comunidades Educativas prevê envolver até pais do Bairro de Santa Filomena.

Em Setúbal, "A Comunidade contra a Sida" abrangerá 84 pais utentes ao mesmo tempo que a "Questão de Equilíbrio" actuará no domicílio de 86 agregados.

Em Sintra, a "Associação Margens" vai abrir uma "escola de pais" em Queluz-Monte-Abraão e o Movimento de Defesa da V ida estima acompanhar 112 famílias.

Em Lisboa, o gabinete de apoio da "Arisco" tentará prevenir casos de maus tratos em 150 famílias e a Casa da Praia, os conflitos familiares.