4.4.08

País precisa de mais licenciados

Alexandra Inácio, in Jornal de Notícias

Licenciados conseguem emprego, garante Mariano Gago


O orçamento do Ensino Superior diminuiu mas aumentou a "possibilidade" de as universidades "atraírem investimento privado, o que não acontecia há uma década", defendeu ontem o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. O relatório da OCDE - "O Ensino Superior na Sociedade do Conhecimento" - apresentado ontem sublinha que Portugal é um dos países que tem reduzido as verbas para esse sector. À margem da Conferência internacional, onde o documento foi apresentado, Mariano Gago argumentou que as verbas dos privados terão de compensar a redução do financiamento estatal.

"Portugal acordou tarde para o Superior. Só muito tardiamente percebeu que precisa de muitas mais pessoas com formação superior e que o número de licenciados não chega para fazer uma economia mais desenvolvida e um país mais culto", afirmou o ministro à saída do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e Empresa (ISCTE).

Para Mariano Gago, o Superior tem de alargar a sua base social. A captação de mais alunos significará que a maioria dos que terminam o Secundário prossigam os estudos. Uma mudança, defendeu o ministro, que implicará a criação de formações mais curtas - ou seja a generalização de Bolonha, sublinhou - e que a produção científica "se desenvolva de forma extraordinária", abrindo-se ao exterior através de parcerias internacionais.

Não há desemprego

Para crescer Portugal precisa de mais licenciados "em todas as áreas". Antes da conferência, à Rádio Renascença, o ministro voltou a defender que quase não há desemprego para os licenciados. "É verdade que muitas vezes o primeiro emprego não é aquele que os jovens gostariam", reconheceu, mas após um ano da saída não existe "ninguém desempregado". As reacções não tardaram. O secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva classificou as declarações de serem "desfasadas da realidade, porque há dezenas de milhares de jovens licenciados no desemprego".