in Notícas de Aveiro
Acácio Conde foi o 'rosto' do Centro de Emprego de Aveiro durante quase duas décadas. Aos 61 anos, ocupa o seu tempo da reforma em trabalho de voluntariado social, entre outras tarefas, como coordenador da delegação de Aveiro da Rede Anti-Pobreza.
“O pior que pode acontecer a um desemprego é o fenómeno de acomodação”, alerta o antigo quadro do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).
Acácio Conde mostra-se preocupado com uma das implicações mais graves para quem fica sem trabalho: “a pobreza envergonhada e os novos pobres estão mal estudados”.
Valoriza os “pequenos projectos locais” que podem absorver desempregados e incentiva a entrada em programas de formação, sobretudo dos indiferenciados dispensados por empresas de mão-de-obra intensiva.
O auto-emprego é outra saída, ainda que implique algum espírito empreendedor. “Há pessoas com talento, engenho e essas têm capacidades para desenvolver uma actividade ”, afirma.
Outra hipótese, para os mais jovens, são os estágios profissionais ou para mais velhos os programa ocupacionais que complementar o subsídio de desemprego.
Como último recurso, pede aos desempregados que não tenham receio de experimentar a mobilidade geográfica em busca de oportunidades que possam espreitar.
O caso da Yazaki
Acácio Conde acompanhou de perto a instalação da Yazaki Saltano em Ovar, há 14 anos, que chegou a ser das maiores empresas do País em número de trabalhadores e facturação mas, entretanto, foi sendo desvalorizada por sucessivas restruturações e despedimentos.
A multinacional nipónica de cablagens criou na localidade vareira cerca de 3.000 empregos, algo nunca visto que 'mexeu' com o mercado de trabalho.
“Como não tinham gente suficiente com pelo menos o nono ano, como pretendiam inicialmente para garantir as contrapartidas dos apoios estatais, baixaram a fasquia”, recorda Acácio Conde.
No reverso da medalha, “criou-se um fenómeno terrível”. A atracção de trabalhadores “gerou o abandono escolar precoce”, diz o ex-director do Centro de Emprego.