Ana Cristina Pereira, in Jornal Público
Os portugueses residentes no estrangeiro enviaram em 2008 uma média de 6,9 milhões de euros por dia para Portugal - o que perfaz 2558 milhões de euros num ano, menos 30 milhões que em 2007.
A quebra era expectável. E pode acentuar-se, já que em período de crise internacional as remessas tendem a cair.
Entre 1993 e 1996, o dinheiro enviado baixou 15 por cento - de 672 milhões de contos para 572 milhões de contos. Era a fase final da recessão em que a Europa mergulhara (1991-1993). Terminada a crise, a tendência alterou-se - entre 1996 e 2000, as remessas subiram 19 por cento; em 2001 atingiram um recorde de 749 milhões de contos (3737 milhões de euros).
Com a entrada de Portugal na moeda única, em Janeiro de 2002, a maior parte dos portugueses residentes na zona Euro começou a enviar menos dinheiro para Portugal: já não havia vantagens cambiais. Só os radicados na Alemanha e em Espanha contrariavam a inclinação para a queda. Em 2003, encolhiam também as transferências da Venezuela e do Brasil. Na Venezuela, por exemplo, o Presidente Hugo Chávez lançou o controlo de câmbio e restringiu o envio de dinheiro para o exterior. Os valores tornaram a subir em 2004 e 2005, mas recuperaram a tendência de redução em 2005.
Olhando para a estatística do Banco de Portugal, vemos que em 2006 os portugueses residentes no estrangeiro enviaram 2,4 mil milhões de euros para o seu país de origem - menos 30 por cento do que em 1996. Em compensação, o valor das remessas dos imigrantes quadruplicou nesse período.
Dirigentes associativos têm chamado a atenção para o que designam de abandono das comunidades portuguesas. Falam num desligar crescente do país de origem - impulsionado pelo fecho de serviços consulares e pela escassez de ensino da cultura e da língua portuguesa França, Suíça e Espanha contrariam a propensão. Os Estados Unidos registaram uma quebra. O envio de dinheiro para Portugal diminuiu também em países como a Alemanha, Reino Unido, Luxemburgo, Canadá, Venezuela e Brasil.
1780
milhões de euros enviaram em 2008 os portugueses de França. Os da Suíça ficaram em 2.º, com 558 milhões