3.4.09

G20 assinam acordo histórico em Londres

Rita Jordão, in Jornal de Notícias

Cimeira culminou com a decisão de regular mercados e de injectar mais dinheiro na economia


Líderes das maiores economias mundiais (G20) acordaram o investimento de 1,1 biliões de dólares num programa de reanimação da actividade económica, com vista a estimular a criação de riqueza e o emprego.

O acordo, que passa também pela fortificação das formas de supervisão do sistema financeiro, foi descrito pelo presidente Obama como "um momento de viragem para a economia mundial".

Num dos mais importantes encontros das últimas décadas, líderes das mais importantes economias mundiais chegaram ontem a um acordo para o combate à crise financeira no valor de 1,1 biliões de dólares (o equivalente a 820 mil milhões de euros). O dinheiro será disponibilizado na forma de financiamento através do Fundo Monetário Internacional (FMI) e será dividido em três parcelas: 500 mil milhões de dólares para o FMI, 250 mil milhões disponíveis para os membros do FMI e outros 250 mil milhões serão investidos numa tentativa de estimular o comércio.

"Este foi o dia em que o Mundo se uniu para combater a recessão global. Não com palavras, mas sim com um plano de recuperação global", afirmou o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, a fechar o encontro que viu dissipadas as divergências entre algumas nações europeias e os Estados Unidos. A reforma do sistema financeiro foi outro tema central nas discussões de ontem, com a França e a Alemanha a fazer particular pressão para que o Mundo reveja a forma como controla esse sector.

"Penso que podemos dizer que numa conferência importante conseguimos um compromisso muito, muito bom. Quase histórico, numa crise única. Desta vez, o Mundo não reage como nos anos 30", foram as palavras da chanceler alemã, Angela Merkel, perante o compromisso de que uma lista de paraísos fiscais seja publicada para que estes desapareçam do mapa financeiro. Outra promessa foi a de que o sistema internacional levará uma "limpeza" na forma como opera.

O presidente francês, por seu lado, defendeu que este é um resultado "melhor do que se poderia esperar" e prometeu repensar uma nova injecção de capital na economia francesa caso a crise se agrave.

O mais optimista foi, no entanto, o presidente norte-americano, Barack Obama, que assumiu a liderança mundial na primeira visita oficial à Europa. "Os Estados Unidos estão preparados para liderarem a acção e desenterrar o Mundo desta crise financeira", disse o presidente na conferência de Imprensa que marcou o fim das negociações.

O presidente norte-americano teve um papel central na chegada a um consenso, particularmente através da mediação entre as diferenças de opinião entre a França e a China no que respeita aos paraísos fiscais.

Com os olhos do Mundo pousados nos Estados Unidos, Obama aproveitou o encontro para fazer os seus primeiros contactos internacionais com alguns dos mais importantes líderes mundiais, numa agitada tarde marcada por conversas de corredor com os representantes das economias potencialmente mais fortes, tais como o Brasil, a Índia e a China.

Entre o pacote de decisões que resultaram da cimeira de Londres encontram-se a promessa de uma recuperação ambientalmente sustentável e a garantia por parte dos líderes mundiais de que os objectivo de Desenvolvimento do Milénio, para os países em vias de desenvolvimento, serão respeitados.

Os resultados da cimeira de Londres serão certamente avaliados durante o próximo encontro do G20, que será realizado em Nova Iorque, em Setembro, com Obama como anfitrião.